O poeta e jornalista Ildásio Tavares
Ildásio Tavares, um dos maiores nomes da poesia brasileira, e – mais do que um orgulho para mim – um grande mestre e amigo, agraciou-me, e, também, à poetisa Nívia Maria Vasconcellos, à declamadora Lucifrance Castro e ao artista plástico Gabriel Ferreira, com uma de suas crônicas semanais nesta última edição do jornal Tribuna da Bahia.
Ildásio, a quem eu devo, entre tantas coisas, um ensaio digno de sua poética neste blog, reconhece o trabalho árduo e a dedicação empreendida para realizarmos os mais diversos eventos, aqui, em Feira de Santana, e exalta, com o racionalismo crítico que lhe é contumaz, e, ao mesmo tempo, com a grande capacidade de admirar, que é a marca de todo grande poeta, os diversos talentos destes artistas feirenses, baianos... brasileiros.
Ao Ildásio Tavares, os meus mais sinceros agradecimentos, que, também, é o agradecimento dos outros artistas por ele citados. É, em nome deles, principalmente, que te agradeço.
Receba o nosso abraço...
Vamos à Crônica:
A TURMA DE FEIRA
por Ildásio Tavares
Venho recebendo regularmente,ora de Nivia Vasconcelos, ora de Silvério Duque notícias de uma movimentação cultural no interior, mais especificamente de Feira de Santana, que ombreia em qualidade com os movimentos que possam ocorrer em Salvador. Estes ainda me dão notícia de Lucifrance, exímia declamadora de versos que me brindou com um cd em que interpreta Navio Negreiro de Castro Alves.
O grupo ainda se completa com espetáculos musicais. Decididamente poeta, e poeta sério, do soneto, do verso medido, Silvério também trauteia a clarineta e participa de espetáculos em homenagem aos grandes vultos da Música Popular Brasileira, já houve Vinicius e agora fazem um show de Noel Rosa que sobre ser um painel da música do grande gênio também exerce uma função didática, aviventando nas mentes dos mais jovens a grandeza do nosso passado.musical, do samba do Estácio.
Vejo, pelas imagens que me chegam pela internet que estes shows merecem uma produção cuidada que há a preocupação com o figurino, com o cenário além do repertório cuidado do autor que imagino receber uma execução à altura. Estes espetáculos não são meramente episódicos. Eles se enfileiram há algum tempo, sempre com a correta escolha de uma figura de relevo de nossa música.
Completa o grupo a admirável pintura de Gabriel Ferreira que não conheço pessoalmente, mas que me atrai por sua arte honesta, sem truques nem conceitos em que as imagens são tratadas com esmero artesanal para um final de perfeita solução plástica expressa por uma mão segura de um hábil colorista. Gabriel não se esconde atrás dos modismos tão encontradiços no momento presente. Parte para uma definida vocação de pintar e realiza seu desiderato plasticamente, através de sua habilidade no manejo de pinceladas às vezes vigorosas, mas nunca frouxas, nunca guiadas pelo acaso.
O grupo mexe com um elenco de músicos e de cantoras que passa para mim a idéia de um trabalho, mesmo sem ter tido a oportunidade de escutar a tudo. Não há uma intenção esporádica de um pulo no escuro. Há um trabalho seqüencial que admira quando se pensa na dificuldade de se fazer arte, mormente no interior. A turma de Feira merece nosso aplauso e nosso incentivo. A poesia de Silvério está sempre em progressão, perfeccionando seu decassílabo, burilando seu soneto, forma a que se dedica com afinco.
Nivia Maria, versátil, vertical, com esta seriedade e dedicação que só mesmo as mulheres tem, moureja no conto e no poema.. Já é mestre em Letras, caminha para o doutoramento. Já tive oportunidade de me pronunciar sobre algo que considero essencial na linguagem literária e que Nivia Maria esgrime com perfeição. Refiro-me ao poder de síntese que, no conto, a faz caracterizar o personagem e por extensão a história com poucas palavras. Na poesia ela nada desperdiça, obedecendo a Ezra Pound que afirmava ser a poesia a arte de dizer muito com poucas palavras... E Nivia não é desse poetas inspirados. Por seu conhecimento da técnica, é uma criadora consciente.
Tribuna da Bahia, 05 de outubro de 2009.
Um comentário:
Poxa Duque tu és Duque mesmo... Asa.
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