UMA
NOTA SOBRE A IGNORÂCIA
“O Brasil está numa
posição ideal,
pois tem a possibilidade de aumentar sua capacidade
hidrelétrica.
É um absurdo a existência de ambientalistas que são contra
hidrelétricas”.
PATRICK
MOORE
Caríssimos leitores, vocês se
lembram deste vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=MINkVJ4G554? Nele,
meus caros amigos desmemoriados, numa espécie de protesto discursivo contra a
implantação da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, vemos um
festival de pérolas da ignorância e da desinformação em prol do ecochatismo,
num exemplo ainda recente de como artistas de televisão e “celebridades”
momentâneas possuem a incrível capacidade de se meterem com qualquer coisa que
lhes pareçam politicamente corretas... mesmo sem entenderem porra nenhuma do
que se trata.
Nele, a atriz Maitê Proença contesta a “limpeza” da energia hidrelétrica sem parar um pouco para pensar que uma usina, semelhantemente a uma fábrica, usa a água tanto como matéria-prima, bem como resíduo, entrando por um lugar alto, usando sua força para mover as turbinas (e daí gerar energia) e descendo por um lugar baixo, saindo tão limpa quanto entrou.
Um rapaz bonitinho, chamado Sérgio Marone, pergunta de que adianta construir a terceira maior hidrelétrica do planeta se esta produzirá apenas um terço de sua capacidade, sem calcular que a tal “capacidade” instalada de Belo Monte é de 11 233 megawaltts. Em média, durante o primeiro ano de sua instalação, ela produzirá 4 571 megawaltts. Ou seja, dividindo a geração média pela capacidade instalada, o fator de capacidade obtido é: 0,41 (40% de todo o consumo residencial do país) quando a média nacional das hidrelétricas é: 0,52... Em síntese, não se trata de nenhum elefante branco da engenharia moderna.
Uma bela Claudia Ohana questiona sobre onde os índios da região atingida morarão... Dez tribos que estão bem longe da área a ser alagada. Área que é de 502,8 Km2, das quais 228 Km2 são do próprio leito do rio, e não de 640,8 Km2 de pura Floresta Amazônica como afirma o ator Eriberto Leão, que também vocifera a favor de energias alternativas e estupidamente mais caras e inviáveis às necessidades energéticas brasileiras, como a eólica e a solar. O problema é que uma usina custa de 25 a 32 bilhões de reais, quando o custo para gerar o mesmo com energia eólica é de 41 bilhões (em condições adequadas) e de 274 bilhões com a solar. Muito mais impostos a pagar: a maior de todas as preocupações como pareceu demonstrar o engraçadíssimo Bruno Mazzeo, que, aliás, estava falando sério...
Mas as verdadeiras pérolas
ficaram por conta de uma Elizangela não sei das quantas, que afirmou que a
região do Rio Xingu “praticamente seca” durante 8 meses do ano, sem averiguar
que, mesmo nos meses de setembro e outubro, quando ocorre de fato a menos
vazão, o volume de água ainda é de 800 000 litros por segundo – É água pra
ninguém botar defeito! Da humorista Ingrid Guimarães, que também não fizera
piada, numa demonstração celebre da mais absoluta falta de traquejo com a
Geografia, ao dizer que “abaixo da
barragem, o Rio banha o Parque Nacional do Xingu”, quando, na verdade, o Parque
do Xingu se localiza no Estado do Mato Grosso, a mais e 1000 Km acima (e não abaixo) da represa. E da
fofíssima da Ísis Valverde, elucubrante: “Ih, vou ter que pesquisar!”, mas, se
o fizesse, não teria gravado besteira e pagado um mico que dura até hoje na
Internet...
Mas, por que estou a
ressuscitar esta questão? Simples por três coisas...
A primeira: o povo brasileiro tem fama de ter pouca memória, por isso é sempre bom lembrar que não é a primeira vez que assuntos polêmicos tomam a mídia e as redes sociais sem necessariamente uma discussão séria e aprofundada.
A primeira: o povo brasileiro tem fama de ter pouca memória, por isso é sempre bom lembrar que não é a primeira vez que assuntos polêmicos tomam a mídia e as redes sociais sem necessariamente uma discussão séria e aprofundada.
A segunda: há uma crença muito
comum em nosso país de que “artistas”, são bem informados, inteligentes e bem
intencionados... o que, no mínimo, é uma idiotice.
E, terceiro, preconceito é
ignorância, e se resolve com conhecimento... Não é incomum uma celebridade
desmiolada abraçar qualquer causa política sem a mínima noção daquilo que se
está tratando e, ainda por cima, arrastar uma multidão de outros fãs, mais
desmiolados ainda, a abraçar a causa e o protesto... Se não, digam-me, qual
destes artistas que protestam contra o inepto Marcos Feliciano aproveitaram uma
pausa nas reuniões da Comissão de Direitos Humanos para também protestarem
contra a presença do João Paulo Cunha (PT-SP) e José Genoino (PT-SP), condenados
a mais de 10 anos de prisão pelo STF, e que são membros da CCJ (Comissão de
Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara), considerada a mais
importante comissão da Casa. Por ela são analisados os aspectos
constitucionais, legais jurídicos e regimentais das propostas em tramitação na
Câmara.
A mola propulsora da
humanidade deve ser a divulgação do conhecimento e não a propagação da
ignorância... pensem nisso antes de abraçarem uma causa sem tomar conhecimento
real a respeito dele, pois como diziam os romanos:
Inspice bis potum et chartam subscribe scienter!
Ah, antes que eu me
esqueça... já viram este vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=E4k7RWN7Vjs