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Cada vez mais vemos a presença de grupo de fanáticos a impedir a livre
expressão e a diversidade de pensamento, como se não estivéssemos em um pais
democrático e sim nos governos totalitários que estes defençores dos “direitos
das minorias” tanto adoram |
Não faz muito tempo,
deixei bem claro as minhas impressões a respeito da recepção dada à Blogueira cubana
Yoani Sanchéz por parte de grupos esquerdistas aqui mesmo, em Feira de Santana.
Na época eu disse que presenciara “um coro ensurdecedor de vaias, gritos,
palavras de ordem e de amor a Fidel e a Ché, cacarejos... Tudo para que a
jornalista cubana tivesse aqui, no Brasil, e, em Feira de Santana, o que me
parece que ela tem de sobra na Ilha da Fantasia dos Castro: agressão, censura e
outras violências intelectuais...”
Nesta semana, infelizmente, fui testemunha de algo semelhante: tudo começou
quando um grupo formado por cerca de 30 pessoas invadiu o saguão do Convendo do
Carmo, local onde acontecia a FLICA, logo no início da primeira mesa. A
escritora Maria Hilda Baqueiro Paraíso pediu diálogo, o que foi negado pelos
manifestantes. Pessoas se pintaram de rosa e alguns ficaram seminus. Os
manifestantes afirmaram repudiar a posição crítica do participante da mesa ao
sistema de cotas para ingresso nas universidades, chamando-o de racista. A mesa
seria retomada às 13h, segundo o curador do evento, Aurélio Schommer, e depois
foi cancelada. Após manifestação que interrompeu o primeiro debate da Flica
(Festa Literária Internacional de Cachoeira) neste sábado, dia 26, quarto dia
do evento, a organização resolveu cancelar duas das mesas. O protesto aconteceu
após 15 minutos do início de “Donos da Terra? – Os Neoíndios, Velhos Bons
Selvagens” e, segundo os manifestantes, contra a presença de um dos convidados,
o sociólogo, colunista e professor da Universidade de São Paulo (USP), Demétrio
Magnoli. A mesa "As Imposições do Amor ao Indivíduo”, em que estariam
Jean-Claude Kaufmann e Luiz Felipe Pondé, e estava marcada para as 20h, também
não mais aconteceram. “Foram canceladas porque, segundo a própria organização
do evento, ela não conseguiria garantir a integridade física dos dois autores
[Luiz Felipe Pondé e Demétrio Magnoli]”, diz um dos organizadores, Emanuel
Mirdad.
Numa entrevista recente
ao site de notícias G1, Demétrio Magnoli deu o seguinte depoimento: “O grupinho
que fez a baderna, que impediu o debate, eles imaginam que estão impedindo a
minha liberdade de expressão, mas estão enganados, porque a minha liberdade de
expressão está garantida. O que eles cerceiam é o direito das pessoas de
ouvirem um debate, então eles estão contra as pessoas comuns, que vão ouvir um
debate. Não estão contra o palestrante, embora eles imaginem que estejam",
afirmou.
Na opinião do sociólogo,
como não houve diálogo, não há crítica, mas sim vandalismo: "A crítica
envolve a articulação de sentenças com começo, meio e fim, com o uso de
sentenças subordinadas e principais, isso é o campo da crítica. O vandalismo
não deve ser confundido com a crítica, assim como a manifestação não deve ser
confundida com a depredação. Eles são vândalos e depredadores do direito das
pessoas debaterem, eles não são críticos". Ainda em conversa, Magnoli
falou sobre a sua opinião em relação às cotas. "A minha posição sobre as
cotas é porque, justamente como sou um anti-racista convicto, eu sou contra que
estados classifiquem as pessoas na lei segundo critérios de raça. Os estados
que classificaram as pessoas na lei segundo critérios de raça produziram
desastres horríveis, como a África do Sul com o Apartheid, como os Estados
Unidos, que no início do século XX criaram leis de segregação racial. Essas
leis se baseiam no mesmo critério, que as pessoas são aquilo que a aparência
delas diz que elas são. Os anti-racistas acreditam que as pessoas são aquilo
que querem ser, que as pessoas são aquilo que pensam, que criam, aquilo que
inventam, não são alguma coisa definida pela sua aparência, pela sua cor da
pele, qualquer coisa assim. É justamente porque eu sou anti-racista que eu sou
contra as cotas raciais", diz o sociólogo.
Em comentário durante o
Jornal da Cidade 2ª Edição nesta segunda-feira, dia 28, o filósofo Luiz Felipe
Pondé falou sobre a "violência do bem" citada em um artigo seu no
jornal Folha de S. Paulo. Este termo é definido pelo escritor de uma maneira
bem peculiar: "É a violência daqueles que acham que, quando movidos pelo
que acham certo, têm o direito de intimidar, bater e destruir, sem participar
do jogo democrático, sem tentar trocar ideia e ver se transformam o país em um
lugar melhor para todos", declarou à Rádio Metrópole.
Ao comentar sobre a
Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica), encerrada no domingo, dia 27,
o professor universitário identificou essa atitude nos estudantes que
protestaram e acusaram Demétrio Magnoli de racismo. "É uma atitude
descabida de um nível absurdo", afirmou o comentarista, ao lembrar que uma
cabeça de porco foi lançada próximo a Magnoli e aos participantes de uma
mesa-redonda. A acusação dos alunos foi referente à opinião de Demétrio em
relação às cotas raciais. "Passa muito longe do racismo, o Estado deveria
dar escola boa a todos. Isto é uma prática fascista das mais clássicas",
declarou Pondé.
Mais uma vez, os grupos de
esquerda radicais, edulcorados por um governo que não só ignora suas ações
violentas mas os estimula ao aprovarem leis que ao invés de coibir tais ações as
tornam cada vez mais legítimas, dão mais um exemplo da “democracia” e de “liberdade”
que os partidos de esquerda, através de suas mulas de carga universitárias, têm
para com o Brasil... O silenciar, pela violência, de todas aquelas idéias que
são contra seu modo torto e imundo de "pensar" não seria, no fundo,
uma proposta que sempre se encontrou no âmago dos ideólogos do Marxismo,
inclusive aqui no Brasil.
A democracia, assim como
a liberdade, deve ser um estado de espírito antes mesmo que um estado de
direito, pois só se chegará a um se sentirmos o outro como tal... A liberdade é
uma necessidade mais que básica: é Pré-metafísica. E se a liberdade e a
democracia são apenas conceitos, porque não transformar um conceito num fato
através da prática? Porque só os pobres levam desvantagem, como se os ricos
também não tivessem que lutar pela sua sobrevivência como qualquer ser neste
planeta?
O que sei, no entanto, é
que cada vez mais vemos a presença de grupo de fanáticos a impedir a livre
expressão e a diversidade de pensamento, como se não estivéssemos em um pais
democrático e sim nos malditos governos totalitários que estes defençores dos “direitos
das minorias” tanto adoram. O pior é que eles usam o direito da livre expressão
para impedir a livre expressão daqueles que cometem o crime de, simplesmente,
discordar de suas ideias; o direito de liberdade para tirar a liberdade de que
só pensa diferente...
Fica aqui uma pergunta,
então... Isso, um dia, vai parar...?!