quarta-feira, 19 de maio de 2010

LANÇAMENTO DE "A PELE DE ESAÚ" EM SALVADOR...


O poeta Silvério Duque... numa nova noite de autógrafos


O poeta Silvério Duque e o Sr. Cônsul-Geral de Portugal, Dr. João Paulo Marques Sabido Costa, no lançamento de seu livro A pele de Esaú.


Silvério Duque e o artista plástico Sant Scaldaferri no lançamernto de A pele de Esaú


O público que prestigiou o lançemento de A péle de Esaú


Música entre livros com Paulo Akenaton e Gabriel Ferreira

A eterna parceria: Lucifrance Castro, Silvério Duque, Gabriel Ferreira e Patrice de Moraes


Os poetas Ryzard Dygas, Bernardo Linhares, Lucifranec Castro, Ildásio Tavares e a bailarina Ana carolina Miranda, no lançamento de A pele de Esaú


No último dia 14 de maio, tive o prazer e a honra de lançar o meu mais novo livro, A pele de Esaú, em Salvador, na Livraria Praia dos Livros que fica à Av. Sete de Setembro, nº 3554, loja 2 (sobreloja), largo da Barra (ao lado do Instituto Mauá), às 20h, em Salvador-BA.

O evento contou com as belíssimas declamações de Lucifrance Castro e Patrice de Moraes, com a voz e o violão de Paulo Akenaton e com uma pequena exposição temática do artista plástico Gabriel Ferreira, inspirada nos poemas de meu livro. Além disso, a presença de mestres e amigos proporcionou-me mais entre os melhores e mais emocionantes momentos de minha vida. O amigo, poeta e jornalista, Ildásio Tavares, que prefacia meu livro e uma das presenças marcantes do lançamento, publicou, no último dia 08 de maio, no Jornal Tribuna da Bahia, a seguinte crônica sobre mim e A pele de Esaú:




A ESCRITURA DE SILVÉRIO
por Ildásio Tavares




Um dos momentos cruciais da formação do povo de Israel é quando Jacó assume a pole position, num golpe de mestre que começa com Esaú vendendo-lhe a primogenitura por um prato de lentilhas. Este factóide diz – de pronto – alguma coisa do temperamento e personalidade de ambos. Do imediatismo e gula de Esaú, da sagacidade de Jacó. Mais tarde, esta cessão da primogenitura tem que ser ratificada pelo pai de ambos, Isaac, que teria de dar sua benção. Aí, Jacó se vale de outro estratagema. Como Isaac estivesse meio cego, Jacó seria apalpado. Esaú era muito peludo e então, Jacó se veste com a pele de um animal e assim consegue se fazer passar pelo irmão que lhe tinha concedido seus direitos.

Ao nomear este belo livro de sonetos finamente escandidos de A Pele de Esaú, quero crer que Silvério Duque tivesse se inspirado neste episódio, ainda mais que coloca a epígrafe da passagem em que o Senhor adverte Esaú que começava a querer-se rebelar, mas que finda por se afastar e criar seu próprio povo longe das doze tribos de Jacó que viriam a formar o reino de Israel. Esaú tinha sido tolo, contudo, era forte e também contava com as bênçãos de Deus. Vinha de uma linhagem cuidadosamente selecionada de Abraão e Sara, para Rebeca e Isaac e que desaguaria nos 12 filhos que Jacó teria com Zilpah, Bilhah, Lia e Raquel, formando o povo eleito, o povo de Israel, até hoje vivo.


Neste meridiano da perda e da rejeição, na figura de um Esaú destituído de seu destino, Silvério elabora uma intricada associação de sentimento e pensamento, buscando a verticalidade de personagens que se multiplicam porque se querem fundir em um só. Afinal, o drama de degredo e aparte que sofre Esaú é de todo ser humano, anjo caído, que um dia se apartou da presença de Deus. E toda odisséia que Esaú tem que executar na busca de si mesmo pode-se configurar em seus aspectos trágicos e cada poema deste livro, pois, discorre sobre um jaez da personalidade humana com este suporte analógico, na verdade.

Mais do que o simples discorrer lírico, em que o poeta se exprime de dentro pra fora, este livro encarna um processo dialógico e dialético em que o poeta entra e sai no personagem e extrai daí o seu significado, num trâmite de intersubjetividade. Esta atitude reforça os aspectos dramáticos do poema e, ao dar voz aos personagens, torna o contexto mais efetivo. Destarte se estabelece um fio condutor que vem conferir unidade ao texto. Aliás, o livro todo é muito bem organizado, com um exato rigor de expressão e de ordenação, todo ele muito coeso, em suas partes, em suas divisões, o que consiste, em verdade, uma cortesia para com o leitor.

Do ponto de vista formal, o livro é impecável. Depois dos primeiros originais, eu recebi mais duas emendas do autor, provando que há um critério e disciplina no sentido do apuro textual, algo que considero fundamental.

Tenho visto inúmeros textos de aspirantes a poetas que não se dão conta que a poesia é a mais perfeita das artes. Apresentam-me, na verdade, um rascunho. Mesmo alguns poetas ditos consagrados mostram-me textos sintaticamente imperfeitos e inçados de cacofonias – poesia é a redação mais elevada. Silvério sabe disto e passa a limpo várias vezes seu texto. Respeita e venera a redação de sua poesia. Por isso pode pôr conflitos no papel com efetividade... Por isso é poeta.



Tribuna da Bahia, 08 de maio de 2010.


Àqueles que compareceram a este evento, só posso dizer-lhes, simplesmente, OBRIGADO!!!

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