segunda-feira, 30 de julho de 2012

E SEMPRE EM MEU OLHAR O MESMO ROSTO...

A tela do artistas plástico Gabriel Ferreira, feita exclusivamente para o meu soneto "E sempre em emu olhar o mesmo rosto...", pertencente ao meu livro "A pele de Esaú" e sua respectiva capa: http://poetasilverioduque.blogspot.com.br/2011/09/imperdivel-meu-livro-pele-de-esau-por.html ...





E SEMPRE EM MEU OLHAR O MESMO ROSTO...

(por Silvério Duque)






E sempre, em meu olhar, o mesmo rosto,
a mesma noite, o mesmo labirinto.
O anjo que eu vi cair, já recomposto,
evola-se na luz – Eu não o pressinto...?

Avistei-o, através deste sol-posto,
sob o livor da morte e meus instintos,
ardente e triste sobre os céus de agosto
como as coisas que vi e agora sinto,

pois maior é o Mistério à minha frente.
( Nesse vento indo e vindo pelas portas,
eu penso em Deus e nada está ausente... )

– Somos memória e a morte a todos corta,
meu irmão Esaú precito e crente,
mas só a visão de Deus é o que te importa".




quarta-feira, 25 de julho de 2012

PESA-ME SOBRE OS OMBROS MEU SILÊNCIO...


A tela do artistas plástico Gabriel Ferreira, feita exclusivamente para o meu soneto: "Pesa-me sobre os ombros meu silêncio...", pertencente ao meu livro "A pele de Esaú": http://poetasilverioduque.blogspot.com.br/2011/09/imperdivel-meu-livro-pele-de-esau-por.html ...



 

PESA-ME SOBRE OS OMBROS MEU SILÊNCIO...

(por Silvério Duque)



Pesa-me sobre os ombros meu silêncio,
penso no fogo – renascer de tudo –,
na carne que perdi entre os escombros
do desejo, dos sonhos, dos sentidos...

Pesa-me esta saudade de mim mesmo,
esta vontade de partir, de estar
em toda parte e em tudo quanto vejo,
de deixar para trás tudo o que importa...

( Nada importa. Tudo é ilusão e instantes.
Entretanto, desejo, em vão, a vida
e a doce voz que o coração escuta.

Nada importa, pois tudo é solidão
e agonia; pois tudo é noite e assombro. )
Mas, a alma se deslumbra em meio às cinzas.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

É PRECISO CRIAR PARA SENTIR...


A tela do artistas plástico Gabriel Ferreira, feita exclusivamente para o meu soneto "É preciso criar para sentir...", pertencente ao meu livro "A pele de Esaú": http://poetasilverioduque.blogspot.com.br/2011/09/imperdivel-meu-livro-pele-de-esau-por.html 






É PRECISO CRIAR PARA SENTIR...

(por Silvério Duque)


É preciso criar para sentir;
nada somos se nada construímos,
pois se nada inventamos, nada existe...
Somos a nossa ação por sobre o tempo.

No dia em que tecemos tudo vive,
realizar é escapar da morte... mas,
não durarei apenas entre os outros,
pois dou aos versos usos e clarezas.

De tanta falta e busca me revejo,
de tanto amor e anseio, me reinvento,
nessas rotas e fugas me refaço.

Necessário é criar e a vida é pouca,
no dia em que eu me faço estou e existo.
Neste poema há todos os meus passos.




sexta-feira, 13 de julho de 2012

TEU SORRISO NA FOTO ENVELHECEU... OU UMA CANÇÃO DE AMOR PARA LUCIFRANCE CASTRO

A tela do artistas plástico Gabriel Ferreira, feita exclusivamente para o meu soneto "Teu sorriso, na foto, envelheceu...", pertencente ao meu livro "A pele de Esaú": http://poetasilverioduque.blogspot.com.br/2011/09/imperdivel-meu-livro-pele-de-esau-por.html 




TEU SORRISO NA FOTO ENVELHECEU...
OU UMA CANÇÃO DE AMOR PARA LUCIFRANCE CASTRO

(por Silvério Duque)



Teu sorriso, na foto, envelheceu –
envelhecemos juntos... Tudo passa:
o que se achou perdido entre a gaveta
e os sonhos, as carícias no teu rosto,

a noite derramando-se em ternura
e sono, o amanhecer que partilhamos...
Tudo passa; até mesmo a tua ausência
e a saudade que trago de quem somos.

Mas, mesmo na saudade, há dor e abrigo;
vontade de ficar e desespero.
O teu sorriso envelheceu comigo,

e, eternamente, se entrelaça em mim,
pois, contra o tempo que nos aniquila,
há a persistência viva das lembranças.


sexta-feira, 6 de julho de 2012

NUA, ÉS COMO OS FRUTOS CONTRA O VENTO...


A tela do artistas plástico Gabriel Ferreira, feita exclusivamente para o meu soneto "Nua, és como os frutos contra os ventos...", pertencente ao meu livro "A pele de Esaú": http://poetasilverioduque.blogspot.com.br/2011/09/imperdivel-meu-livro-pele-de-esau-por.html



NUA, ÉS COMO OS FRUTOS CONTRA O VENTO...

(por Silvério Duque)



Nua, és como os frutos contra o vento,
o contrair impuro de teus músculos,
como a transpiração das tuas flores,
vela chorando só em meio as preces...

És como um dispersar de velhas missas,
espaços partilhados pela ausência,
a sensação pesada, o Fogo Eterno,
és a falta, o princípio, o musgo, a fera...

Nua és como as frestas e as janelas,
as marcas de meus dentes em teu seio,
a certeza insensata das promessas...

És a busca e a descida a toda fonte,
o vento repetido em toda parte,
minha dor, minha paz e meu reflexo.