terça-feira, 15 de maio de 2018

O DIA DA MORTE DO MAESTRO JAIRO NASCIMENTO...





Cemitério do campo Santo, Salvador-BA.




O DIA DA MORTE DO MAESTRO JAIRO NASCIMENTO...



Maestro Jairo Nascimento morreu hoje...

A notícia de sua morte, através de um amigo em comum, e também seu discípulo, fez com que o dia 15 de maio de 2018 se integrasse à galeria dos dias mais triste de minha vida.

Jairo foi um dos maiores homens que conheci... Se o que o mestre é vale mais do que seus ensinamentos, Jairo é o exemplo de um homem em que eu sempre nutri a esperança e o dever de sê-lo. Daquele tipo de homem cuja espécie beira à extinção; ele foi uma das mais íntegras, perspicazes e bondosas pessoas que conheci.

Se o Maestro Antônio Menezes me ensinou a tocar clarinete, Jairo ensinou-me a dominá-lo. Porém, ensinou-me muito mais, em seus ensinamentos, que se estendiam para muito além da sala de aula e das partituras do Centro de Cultura e Arte de Feira de Santana (CUCA), ensinou-me como nenhum outro a cordialidade, a humildade e o dever de passara diante o que de graça me foi dado.

Jairo, que conheci quando eu era ainda imberbe (coisa que ele adorava recordar), foi meu mestre, professor e, principalmente, meu amigo... Sempre me lembrava de ligar para ele, de vez em quando, só para perguntar como ele estava e ele sempre me fazia outra mesma pergunta: "ainda tocando seu clarinete..."?!

A última vez que liguei para ele foi em março... Não pude dizer-lhe adeus, nem quero dizer... mesmo agora...
Ontem, estava a rascunhar um novo soneto... por essas razões inexplicáveis, o tema me pareceu desgraçadamente oportuno... Por isso, segue-o em homenagem e lembrança...

Jairo era Kardecista, por isso mesmo, o melhor a dizer para ele agora seria: ATÉ BREVE, MAESTRO... ATÉ BREVE...















 SONETO


ao grande professor e amigo, Maestro Jairo Nascimento,
esta Elegia no dia de sua morte...



 Que sabes destes frutos, das colheitas
da dureza das flores contra o vento...?!
Em cada vida existe o mesmo intento
e em um só gesto as coisas são desfeitas.

Que sabes destas formas mais perfeitas
de tudo que hoje é pó (ontem advento)...!?
Do barro ao vaso às normas te rejeitas
e o que há pouco era ideia agora é invento.

Se na asserção da morte te aborreces
(e a terra é o fim de tudo que anda ou voa)
morrer é a vocação que desconheces.

Vives até que a última pessoa
que se lembra de ti também falece...
– O mais é apenas carne que apodrece!



 




São Gonçalo dos Campos, 15 de maio de 2018.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

O PRIMEIRO POEMA DE 2018: COMPARTILHANDO...







SONETO

(por Silvério Duque)



aos poetas e amigos João Filho & Wladimir Saldanha




Porque antes de tudo somos sós
nem possuímos mais do que a beleza
e o espanto em nossos olhos - uma leveza
talvez trazida pela morte. Nós

poetas: mais frágeis, mais humanos, mas
ricos de sonhos e memória, dando
as mãos àqueles que por nós (chorando)
não chorarão jamais. Pois não é paz

que ofertamos, mas essa dor sem nome
para explodir no tempo de crescer.
Quem sabe é vida consumida a esmo?

Quem sabe amor?! Suas garras, sua fome
seu desejo insaciável de vencer
a tudo, a todos e a si mesmo...



(Feira de Santana, 24 de janeiro de 2018)