sexta-feira, 23 de novembro de 2012

RAZÃO VERSUS FELICIDADE...

O quadro acima pertence ao francês de Saint-Jean-de-Luz Javier Arizabalo, pintor hiperrealista, demonstra em sua obra um olhar carinhoso para a velhice (veja as reproduções no final do post), mas é para as mulheres que guarda a maior porção de sua delicadeza. Esculpe, com pincéis, corpos – nus – e tudo o que fazem parte de seu universo: sentimentos, esperanças, sonhos e prazeres. Sua obra ostenta dupla entrega: a do próprio pintor, que dá vida a um imaginário latente, vívido, prazeirento e lânguido, e a do modelo, que confia que seu reflexo espelhe o que de melhor tem a oferecer. Nas suas palavras: “A “arte” ou o “fazer” são por e para a vida humana; como tudo o que é real, o são por “razões” (sentido, vontade…). Faz tempo que utilizo a arte para curar-me, alimentar-me; resolvo os desejos a partir das imagens que re-presento, é maravilhoso”. Arizabalo é um daqueles artistas que, por alguma razão, não dá títulos a seus quadros. Isso, naturalmente, não muda a qualidade de seu trabalho...




RAZÃO VERSUS FELICIDADE

(por Silvério Duque)







– Minha vida com Maria? Uma desgraça!
Desconchavo de amor e de tormento.
O espaço que ocupei em sua massa
cinzenta? Grande quão seu “pensamento”.

Que, aliás, bem poderia dá-lo às traças
p’ro seu orgulho e meu contentamento.
(Qual um Kierkegaard carente de chalaças
elas adoram um péssimo argumento…)

Cheinho de razão e de ateísmos
eu (um dia) a contestei com um carinho
digno dos mais sinceros Neomarxismos…

Ela se foi – com uma cara de Tom Berenger –
e aqui fiquei (tão sábio), mas sozinho
e bruto como um clone do Schwarzenegger.



quarta-feira, 14 de novembro de 2012

À MANEIRA DE ALBERTO DA CUNHA MELO...


 O "ancião" que ilustra este meu soneto é de um quadro de um francês de Saint-Jean-de-Luz Javier Arizabalo, pintor hiperrealista, demonstra em sua obra um olhar carinhoso para a velhice (veja as reproduções no final do post), mas é para as mulheres que guarda a maior porção de sua delicadeza. Esculpe, com pincéis, corpos – nus – e tudo o que fazem parte de seu universo: sentimentos, esperanças, sonhos e prazeres.Sua obra ostenta dupla entrega: a do próprio pintor, que dá vida a um imaginário latente, vívido, prazeirento e lânguido, e a do modelo, que confia que seu reflexo espelhe o que de melhor tem a oferecer. Nas suas palavras: “A “arte” ou o “fazer” são por e para a vida humana; como tudo o que é real, o são por “razões” (sentido, vontade…). Faz tempo que utilizo a arte para curar-me, alimentar-me; resolvo os desejos a partir das imagens que re-presento, é maravilhoso”. Arizabalo é um daqueles artistas que, por alguma razão, não dá títulos a seus quadros. Isso, naturalmente, não muda a qualidade de seu trabalho.




À MANEIRA DE ALBERTO DA CUNHA MELO

à senhora Cláudia Cordeiro e ao poeta Gustavo Felicíssimo





por Silvério Duque








– Na velha casa de meu pai
até as sombras pereceram
e mesmo a morte está mais triste
por sobre as sobras do que amo.

Ali vivera minha mãe
em seus silêncios mergulhada.
Quando seus olhos se extinguiram
só o meu pavor foi testemunha.

Dali partira minha irmã
para outros rumos do existir
eu tinha oito ou sete anos
quando fitei este milagre.

Dali também se foi meu pai
que me deixou aqui, de resto...
por isso as feras o procuram
e há-de durar mais do que pode.

Mas houve um tempo em que as manhãs
nasciam feitas pros meus olhos...
Ah, se eu pudesse adiar o tempo
que – sem querer – não me extermina.




quarta-feira, 7 de novembro de 2012

SONETO CAFAJESTE...



A "moça" que ilustra este meu soneto é de um quadro de um francês de Saint-Jean-de-Luz Javier Arizabalo, pintor hiperrealista, demonstra em sua obra um olhar carinhoso para a velhice (veja as reproduções no final do post), mas é para as mulheres que guarda a maior porção de sua delicadeza. Esculpe, com pincéis, corpos – nus – e tudo o que fazem parte de seu universo: sentimentos, esperanças, sonhos e prazeres.Sua obra ostenta dupla entrega: a do próprio pintor, que dá vida a um imaginário latente, vívido, prazeirento e lânguido, e a do modelo, que confia que seu reflexo espelhe o que de melhor tem a oferecer. Nas suas palavras: “A “arte” ou o “fazer” são por e para a vida humana; como tudo o que é real, o são por “razões” (sentido, vontade…). Faz tempo que utilizo a arte para curar-me, alimentar-me; resolvo os desejos a partir das imagens que re-presento, é maravilhoso”. Arizabalo é um daqueles artistas que, por alguma razão, não dá títulos a seus quadros. Isso, naturalmente, não muda a qualidade de seu trabalho.




SONETO
CAFAJESTE...
(sobre um tema de João Carlos Teixeira Gomes)


por Silvério Duque




De mim não saberás o quanto eu te amo
por não querer do amor a morte exata
nem importa do amor verdade ou engano
"se o mesmo amor que cura é amor que mata"...!?

Piegas, não!? Mais do que isso é amor confesso
tanto mais imbecil se mais se mostra
contido de paixão e tempo egresso
onde tudo, no fim é a mesma bosta.

Mas se me amas no instante em que me vens
amar-te é o que mais sinto e o que mais vejo
pois quanto mais te negas mais me tens

neste amor que é nutrir-se de sobejo...
Num jogo de intenções e de desdéns
apenas quero eterno o meu desejo.