quarta-feira, 26 de maio de 2010

EROTISMO...


O Beijo (que é baseado na trágica história de amor entre Paolo e Francesca, na Divina Comédia, de Dante) 1900, por Auguste Rodin

- E o que eu adoro em ti é a tua carne,
porque tudo o que é vivo se deseja;
assim, desejo em ti o meu tormento
que há-de crescer na proporção do tempo.

O que eu almejo em ti é a tua sombra,
pois toda boca habita as mesmas vozes
que hão-de tecer com gritos o teu nome
na tarde azul tragada pela noite.

Beijo o teu rosto como se existisse
algum lugar pr’além do Precipício,
e, junto ao gosto de teu lábio esquivo,

uma palavra, sobrescrita em sangue,
há-de adornar o verso em que eu me esqueço
e há-de extirpar, do amor, a fúria imensa.



AULA CONFERÊNCIA COM O POETA AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA



Aula-conferência: Que país é este?

O poeta Affonso Romano de Sant’Anna, a convite do grupo de pesquisa O escritor e seus múltiplos: migrações, realiza aula-conferência no auditório do PAF 3, no dia 26 de maio, às 18h30.

A palestra tem como foco principal tratar de seu livro sobre a ditadura militar brasileira, Que País é Este?, uma coletânea de poemas que dão um panorama crítico da sociedade brasileira de então.


Serão emitidos certificados aos estudantes que participarem da aula-conferência. As inscrições devem ser feitas na hora.

Confira mais sobre o poeta em seu Blogsite: http://www.affonsoromano.com.br


segunda-feira, 24 de maio de 2010

"A PELE DE ESAÚ" DE SILVÉRIO DUQUE... ADQUIRA JÁ O SEU



Editora: Via Litterarum
Autor: Silvério Duque
Apresentação: Ildásio Tavares
Posfácio: Gustavo Felicíssimo
Ilustração: Gabriel Ferreira
Ano: 2010
Páginas: 72 il.
Formato: 15,5x21cm
ISBN: 978-85-98493-66-4
Preço: Apenas R$ 15,00
Como adquirir: através do E-mail: vendas@vleditora.com.br. ou pelo Quiosque Cultural Online cujo endereço é: http://www.quiosquecultural.com.br/.






DUAS PALAVRAS SOBRE A PELE DE ESAÚ
por Gustavo Felicíssimo




Creio na existência de dois tipos de leituras: a erudita, revelada por autores preocupados em dar ao texto um valor de interesse fundamental; e a vacilante, que engloba as leituras que proporcionam intelecção abstrata, não conferindo nenhuma sacralidade à obra lida. Certamente os poemas deste A pele de Esaú, de Silvério Duque, se inserem dentre aquelas do primeiro tipo, pois foram baseados em uma narrativa bíblica antiquíssima (sobre a qual Ildásio Tavares discorre muito bem no prefácio da obra), fonte de enigma e sabedoria.

Vale lembrar que nada na trajetória humana foi capaz de inspirar tantas obras de arte, tantos artistas, nas mais diferentes latitudes e longitudes do mundo ocidental, do que a Bíblia. Levando-se em conta que o livro sagrado do cristianismo está no centro da nossa civilização, estranho seria se não fosse assim. E foram muitos os poetas que nela ou no cristianismo se inspiraram, com interesses e motivos vários, de diversas estirpes e épocas distintas, como Camões ou Bruno Tolentino, de quem se pode ouvir o eco na poesia de Silvério Duque, passando por Antero de Quental e Jorge de Lima, até encontrarmos o frescor de A pele de Esaú, uma obra dada ao leitor contemplativo, pois favorece a um recolhimento que possa proporcionar a reflexão adequada em relação ao universo circundante à obra.

Após ler os primeiros poemas deste livro percebi claramente que não se tratava de um compêndio qualquer de poesia, mas de uma obra refinada, alquímica, tecida com engenho e arte, em que o poeta apresenta-nos uma alternância riquíssima de perspectivas e expressões dramáticas do contrário, bem diversa e não apenas catártica, resultando em um canto verdadeiro, uma unidade e uma realidade concreta, não apenas a história evocada, objeto de meditação, mas os dramas pessoais do autor, suas vicissitudes, sonhos e desilusão. Enfim, uma obra muito superior ao que nos vem sendo apresentado pela maioria dos nossos contemporâneos.

Este livro é a mais nova obra de um dos melhores poetas da minha geração, um autor que faz jus à tradição de grandes poetas que a Bahia legou ao Brasil. Se pudesse resumir A pele de Esaú em uma única palavra, eu diria: inefável!



Sopa de Poesia, 01 de maio de 2010.

ÚLTIMO POEMA DE DAMÁRIO DACRUZ...


DAMÁRIO DACRUZ (27 julho de 1953 - 21 de maio de 2010)... foto de Ricardo Prado
GRAN FINALE


Avise aos amigos
que preparo o último verso

A vida
dura menos que um poema

E no alvorecer mais próximo
saio de cena.

sábado, 22 de maio de 2010

BAHIA DE TODAS AS LETRAS: NOSSA LITERATURA EM PRIMEIRO LUGAR... PREMIAÇÃO E DEBATE LITERÁRIO





Diálogos sobre literatura, lançamento de livros, homenagens e bate-papo com escritores serão alguns dos ingredientes que irão compor a premiação da 4ª edição do Concurso Literário Bahia de Todas as Letras, realizado pelas editoras Via Litterarum e Editus, com o patrocínio da Fundação Chaves e apoio da Fundação Cultural de Ilhéus.


O evento acontecerá no dia 02 de Junho, das 9h às 21h no Teatro Municipal de Ilhéus, e reunirá poetas, pesquisadores e escritores da cena literária da região em uma grande celebração das nossas letras.


Para tornar o dia mais lúdico está planejado o lançamento de uma coleção de livros infanto-juvenis de Pawlo Cidade e a apresentação da peça teatral As Aventuras de João e Maria, baseada na obra do autor ilheense. Ainda haverá o lançamento de diversas outras obras, entre elas Floração de ImagináriosO Romance Baiano no Século XX, de Jorge de Souza Araújo, vencedor do Prêmio Nacional da Academia de Letras da Bahia; Vassoura, do jornalista Daniel Thame; A Pele de Esaú, de Silvério Duque; e Diálogos – Panorama da Nova Poesia Grapiúna, de Gustavo Felicíssimo.


A organização do evento também vai promover um bate-papo com novos poetas baianos, além de promover palestras de estudiosos, entre eles Jorge de Souza Araújo e Ildásio Tavares que, pela passagem dos seus 70 anos, será homenageado com a leitura dramatizada de alguns dos seus poemas.


Espera-se, com as palestras, compartilhar experiências e incitar adeptos a participarem de pesquisas relacionadas à nossa literatura. Os princípios orientadores das palestras são:


- Apresentar criticamente a literatura produzida por autores baianos, reconhecendo assim um sistema literário absolutamente particular;


- Colocar em diálogo os atores principais na produção estética e crítica da literatura baiana: os escritores, críticos e público.


Pretende-se assim fazer uma abordagem de excelência, a sua relação com a sociedade, o espaço e o tempo, trabalhando literatura e história, a criação literária e a natureza da poesia.


BREVE HISTÓRICO


O BAHIA DE TODAS AS LETRAS é um prêmio que está em sua quarta edição. Foi criado pela editora Via Litterarum em parceria com a Editus, a Editora da Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC.


PROGRAMAÇÃO


9h00 – Saudação – As Palavras Mágicas
Prof. Pawlo Cidade


9:15 h - Abertura
Prefeito Newton Lima
Maurício Corso - Presidente da Fundação Cultural de Ilhéus
Agenor Gasparetto - Editora Via Litterarum
Baísa Nora – Editus/UESC

Manhã
9h30 - Palestra I

Tema: Narrar Histórias: Ação mediadora nas práticas leitoras
Palestrante: Glória de Fátima Lima dos Santos (UESC) – Mestre em Estudos Linguisticos pela UFMG


10:00h - Palestra II
Tema
: Lobato e o leitor
Palestrante: Neila Brasil Bruno - Mestranda em Letras: Linguagens e Representações pela UESC

10h40 - Peça Teatral: As Aventuras de João e Maria,
baseada na obra infanto-juvenil de Pawlo Cidade.



11:20 – Lançamento da coleção de livros infanto-juvenis de Pawlo Cidade, cujos títulos são: Mistério na Lama Negra, A Batalha dos Nadadores, O Caminho de Volta e As Aventuras de João e Maria, editados pela Via Litterarum.





Tarde
14:00h - Palestra III



Tema: Jorge Amado e a ideia de grapiunidade
Palestrante: André Rosa (UESC) - Doutor em História pela UFBA



15:00h – Café Literário: A nova poesia baiana, com a participação de Piligra, George Pellegrini, Heitor Brasileiro, Fabrício Brandão, Mither Amorim, Geraldo Lavigne.
Mediador: Gustavo Felicíssimo



16:00h – Apresentação dramatizada de trechos do poema Iararana, de Sosígenes Costa, pelo ator José Delmo



16:30h - Palestra IV
Tema
: O romance baiano no século XX
Palestrante: Jorge de Souza Araújo (UEFS) - Doutor em Letras Vernáculas (Literatura Brasileira) pela UFRJ



17:30h – Palestra V
Tema
: A poesia baiana em três autores grapiúnas
Palestrante: Ildásio Tavares – Phd pela Universidade de Lisboa



18:30h – Homenagem a Ildásio Tavares
Apresentação dramatizada de poemas de Ildásio Tavares, pelo Grupo Teatro Total.



19:30h - Entrega do Prêmio Bahia de Todas as Letras e lançamento da 5ª edição do concurso que abrirá inscrições nos gêneros poesia e conto (categorias permanentes) e história em quadrinhos e charge.



20:30h - Lançamento dos livros:
Pawlo Cidade
Mistério na Lama Negra
O Caminho de Volta
A Batalha dos Nadadores
As Aventuras de João e Maria



Jorge de Souza Araújo
Machado Crítico - A Ossatura Dialética em Análise e Síntese
Floração de Imaginários – O Romance Baiano no Século XX
Graciliano Ramos e o Desgosto de Ser Criatura
Jorge de Lima - A Palavra em Pânico, A Poesia em Crise, O Espelho Náufrago





Silvério Duque
A Pele de Esaú





Daniel Thame
Vassoura





Gustavo Felicíssimo
Diálogos – Panorama da Nova Poesia Grapiúna
Silêncios
(Haikai)



Lançamento de títulos novos da Editus (serão informados oportunamente)





sexta-feira, 21 de maio de 2010

ATÉ BREVE, AMIGO... ATÉ BREVE...


O poeta Damário Dacruz, (1954 -2010)


Morreu, hoje, de madrugada, o poeta Damário Dacruz...


Damário, além de grande poeta, era meu amigo e uma das pessoas mais amáveis que já conheci. Em meu último livro, A pele de Esaú, dediquei-lhe um soneto, que transcrevo, aqui, como última homenagem a alguém que foi, como pessoa e poeta, uma de minhas mais felizes influências.


Até breve, Amigo,... até breve...



UMA CIRANDA PARA DAMÁRIO DACRUZ

É preciso criar para sentir;
nada somos se nada construímos,
pois se nada inventamos, nada existe...
Somos a nossa ação por sobre o tempo.

No dia em que tecemos tudo vive,
realizar é escapar da morte... mas,
não durarei apenas entre os outros,
pois dou aos versos usos e clarezas.

De tanta falta e busca me revejo,
de tanto amor e anseio, me reinvento,
nessas rotas e fugas me refaço.

Necessário é criar e a vida é pouca,
no dia em que eu me faço estou e existo.
Neste poema há todos os meus passos.



quarta-feira, 19 de maio de 2010

LANÇAMENTO DE "A PELE DE ESAÚ" EM SALVADOR...


O poeta Silvério Duque... numa nova noite de autógrafos


O poeta Silvério Duque e o Sr. Cônsul-Geral de Portugal, Dr. João Paulo Marques Sabido Costa, no lançamento de seu livro A pele de Esaú.


Silvério Duque e o artista plástico Sant Scaldaferri no lançamernto de A pele de Esaú


O público que prestigiou o lançemento de A péle de Esaú


Música entre livros com Paulo Akenaton e Gabriel Ferreira

A eterna parceria: Lucifrance Castro, Silvério Duque, Gabriel Ferreira e Patrice de Moraes


Os poetas Ryzard Dygas, Bernardo Linhares, Lucifranec Castro, Ildásio Tavares e a bailarina Ana carolina Miranda, no lançamento de A pele de Esaú


No último dia 14 de maio, tive o prazer e a honra de lançar o meu mais novo livro, A pele de Esaú, em Salvador, na Livraria Praia dos Livros que fica à Av. Sete de Setembro, nº 3554, loja 2 (sobreloja), largo da Barra (ao lado do Instituto Mauá), às 20h, em Salvador-BA.

O evento contou com as belíssimas declamações de Lucifrance Castro e Patrice de Moraes, com a voz e o violão de Paulo Akenaton e com uma pequena exposição temática do artista plástico Gabriel Ferreira, inspirada nos poemas de meu livro. Além disso, a presença de mestres e amigos proporcionou-me mais entre os melhores e mais emocionantes momentos de minha vida. O amigo, poeta e jornalista, Ildásio Tavares, que prefacia meu livro e uma das presenças marcantes do lançamento, publicou, no último dia 08 de maio, no Jornal Tribuna da Bahia, a seguinte crônica sobre mim e A pele de Esaú:




A ESCRITURA DE SILVÉRIO
por Ildásio Tavares




Um dos momentos cruciais da formação do povo de Israel é quando Jacó assume a pole position, num golpe de mestre que começa com Esaú vendendo-lhe a primogenitura por um prato de lentilhas. Este factóide diz – de pronto – alguma coisa do temperamento e personalidade de ambos. Do imediatismo e gula de Esaú, da sagacidade de Jacó. Mais tarde, esta cessão da primogenitura tem que ser ratificada pelo pai de ambos, Isaac, que teria de dar sua benção. Aí, Jacó se vale de outro estratagema. Como Isaac estivesse meio cego, Jacó seria apalpado. Esaú era muito peludo e então, Jacó se veste com a pele de um animal e assim consegue se fazer passar pelo irmão que lhe tinha concedido seus direitos.

Ao nomear este belo livro de sonetos finamente escandidos de A Pele de Esaú, quero crer que Silvério Duque tivesse se inspirado neste episódio, ainda mais que coloca a epígrafe da passagem em que o Senhor adverte Esaú que começava a querer-se rebelar, mas que finda por se afastar e criar seu próprio povo longe das doze tribos de Jacó que viriam a formar o reino de Israel. Esaú tinha sido tolo, contudo, era forte e também contava com as bênçãos de Deus. Vinha de uma linhagem cuidadosamente selecionada de Abraão e Sara, para Rebeca e Isaac e que desaguaria nos 12 filhos que Jacó teria com Zilpah, Bilhah, Lia e Raquel, formando o povo eleito, o povo de Israel, até hoje vivo.


Neste meridiano da perda e da rejeição, na figura de um Esaú destituído de seu destino, Silvério elabora uma intricada associação de sentimento e pensamento, buscando a verticalidade de personagens que se multiplicam porque se querem fundir em um só. Afinal, o drama de degredo e aparte que sofre Esaú é de todo ser humano, anjo caído, que um dia se apartou da presença de Deus. E toda odisséia que Esaú tem que executar na busca de si mesmo pode-se configurar em seus aspectos trágicos e cada poema deste livro, pois, discorre sobre um jaez da personalidade humana com este suporte analógico, na verdade.

Mais do que o simples discorrer lírico, em que o poeta se exprime de dentro pra fora, este livro encarna um processo dialógico e dialético em que o poeta entra e sai no personagem e extrai daí o seu significado, num trâmite de intersubjetividade. Esta atitude reforça os aspectos dramáticos do poema e, ao dar voz aos personagens, torna o contexto mais efetivo. Destarte se estabelece um fio condutor que vem conferir unidade ao texto. Aliás, o livro todo é muito bem organizado, com um exato rigor de expressão e de ordenação, todo ele muito coeso, em suas partes, em suas divisões, o que consiste, em verdade, uma cortesia para com o leitor.

Do ponto de vista formal, o livro é impecável. Depois dos primeiros originais, eu recebi mais duas emendas do autor, provando que há um critério e disciplina no sentido do apuro textual, algo que considero fundamental.

Tenho visto inúmeros textos de aspirantes a poetas que não se dão conta que a poesia é a mais perfeita das artes. Apresentam-me, na verdade, um rascunho. Mesmo alguns poetas ditos consagrados mostram-me textos sintaticamente imperfeitos e inçados de cacofonias – poesia é a redação mais elevada. Silvério sabe disto e passa a limpo várias vezes seu texto. Respeita e venera a redação de sua poesia. Por isso pode pôr conflitos no papel com efetividade... Por isso é poeta.



Tribuna da Bahia, 08 de maio de 2010.


Àqueles que compareceram a este evento, só posso dizer-lhes, simplesmente, OBRIGADO!!!

OS ENCONTROS LITERÁRIOS NA ALB CONTINUAM COM ALEILTON FONSECA & ÁLLEX LEILLA




Bate-papos com escritores, com leitura e discussão de textos previamente selecionados, objetivando a aproximação do público leitor com autores baianos, no oferecimento de uma visão panorâmica de nossa literatura atual, é a proposta do Encontros Literários da ALB que, nesta próxima edição, conta com a participação de Aleilton Fonseca e Állex Leylla. Comentários de Mirella Márcia e Rosei Soares.
Data: 21 de maio, sexta-feira, às 17h
Local: Academia de Letras da Bahia - Av. Joana Angélica, 198. Nazaré - Salvador / BA
Mais informações pelo telefone (71) 3321-4308.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

GABRIEL FERREIRA: ARTISTA...


O artista plástico, músico e professor Gabriel Ferreira
Gabriel Ferreira é um artista excepcional! Porém, dizer isto a respeito de qualquer outro é muito fácil, numa época em que temos artistas aos quilos, e por metro quadrado, perambulando por nossas ruas e galerias, enchendo-nos os olhos com suas abundantes colorações performáticas e, de igual proporção, vazias e efêmeras. No caso de Gabriel, a coisa muda de figura.

Este tanquienhense é um artista ligado às tradições, pois, um artista, precisa de algo para se apoiar, e isto está muito claro desde Da Vinci a Portinari, por que com ele haveria de ser diferente? O folclore, a vida pacata do interior, a cultura popular de um modo geral estão para a obra de Gabriel da mesma forma que as cores e as impressões luminosas estão para a obra de um Monet ou um Sisley. Mas cores também não são seu fraco, pois Gabriel equilibra cores e contorno com a simplicidade primordial do desenho, aliado ao acabamento técnico e expressivo das tintas sobre as telas, que conseguem juntar o abstracionismo e figurativo em uma tênue barreira aliada aos malabarismo imagéticos do artista.

Suas telas também não se limitam em serem uma acabada fotografia de um momento contemplativo, antes, o movimento com que se deixam olhar e irradiam de si, nos esclarece ainda mais a idéia de que um quadro ainda precisa nos dizer, contar-nos algo, ou melhor, nos instigar a procurar os segredos que em nós habitam o quadro. Por estas e muito mais coisas que o espaço e os limites desta conversa não me deixam detalhar, Gabriel é um grande artista, porque um grande artista deve estar sempre vivo e atento ao mundo que o cerca e deve capturá-lo e o dissecar da maneira mais minuciosa o possível, para que a posteridade saiba que ali se encontrava um transformador de mundos e não um falsário, por isso mesmo o poeta Ildásio Tavares, disse que sua arte é uma arte “honesta, sem truques nem conceitos em que as imagens são tratadas com esmero artesanal para um final de perfeita solução plástica expressa por uma mão segura de um hábil colorista; não se esconde atrás dos modismos tão encontradiços no momento presente; parte para uma definida vocação de pintar e realiza seu desiderato plasticamente, através de sua habilidade no manejo de pinceladas às vezes vigorosas, mas nunca frouxas, nunca guiadas pelo acaso”.

E como se não bastasse tanta demonstração de talento e reconhecimento pelo mesmo, Gabriel dedicou uma pequena exposição a meu trabalho de poeta, no dia do lançamento de meu novo livro, A pele de Esaú, que eu reproduzo aqui, na íntegra para todos os que lêem este Blogger, como prova da profunda admiração e do grande agradecimento que tenho por este notável artista e grande amigo: http://artistagabrielferreira.blogspot.com


"Bendito seja todo esquecimento;
bendita, também, seja toda sede
e tudo mais que nos desperte a carne
ou que nos torne estranhos ante o espelho."




"Grande conforto esta visão da noite,
esta noite existente em cada ouvido,
qual o mar encarcerado em cada concha...
Há, em cada sonho, um anjo adormecido..."






"E o que eu adoro em ti é a tua carne,
porque tudo o que é vivo se deseja;
assim, desejo em ti o meu tormento
que há-de crescer na proporção do tempo."





"Contemplo em tuas chagas a beleza
e a memória de tudo o quanto é vivo.
A dor, inda presente, sente a carne;
o amor nos oferece um gesto antigo."



"Nua, és como os frutos contra o vento,
o contrair impuro de teus músculos,
como a transpiração das tuas flores,
vela chorando só em meio as preces..."



"...a noite derramando-se em ternura
e sono, o amanhecer que partilhamos...
Tudo passa, até mesmo a tua ausência
e a saudade que trago de quem somos."



"No dia em que fazemos tudo vive,
realizar é escapar da morte... mas,
não durarei apenas entre os outros,
pois dou aos versos usos e clarezas."






"Pesa-me sobre os ombros meu silêncio,
penso no fogo – renascer de tudo –,
na carne que perdi entre os escombros
do desejo, dos sonhos, dos sentidos..."

terça-feira, 11 de maio de 2010

GRANDE FESTA DE LANÇAMENTO DO CD “CANTOS FEIRENSES”




Quem ama Feira vem cantar com:

SANDRO PENELÚ
ASA FILHO
CELIAH ZAIIN
CEZINHA DOS OLHOS D'ÁGUA
& FRANCKLIM MAXADO



Pela primeira vez, cinco artistas da terra se reúnem para lançamento de um cd totalmente feirense. Com 12 músicas que falam de nossa cidade, Feira de Santana, este CD será doado, juntamente com os direitos autorais de seus interpretes, para as bibliotecas, escolas públicas e emissoras de rádio. O projeto de cunho cultural e educacional é mais uma realização do Núcleo de Cultura Popular do Centro Universitário de Cultura e Arte de Feira de Santana (CUCA), sempre sobre a competente coordenação de minha querida amiga Suzani Caribé e da produção de Celiah Zaiin, além do apoio do Pró-Cultura e da Prefeitura Municipal de Feira de Santana.



Neste show, todos poderão conferir a voz e o violão de Sandro Penelú, um de nossos artistas mais talentosos e ativos; a arte ímpar da viola de Asa Filho, nosso menestrel da cultura popular, fundador do Reisado de São Vicente e do Cidade da Cultura; Celiah Zaiin, grande cantora e fundadora do Show folclórico Portal do Sertão, a Opereta popular feirense e do Trio da Cidade; Cezinha dos Olhos d’Água, primeiro vencedor do maior festival de música da cidade, o Vozes da Terra, dono de composições que traduzem melodicamente toda nossa história e Franklim Maxado que além de cordelista, poeta e escritor de longos anos, agora compõe músicas, aboios também vencedores do Vozes da Terra com muita criatividade de arranjo e letra.

DIA 19 DE MAIO (QUARTA-FEIRA), ÀS 20H, NO CUCA
A ENTRADA É FRANCA

VOCÊS SÃO NOSSOS CONVIDADOS,POR ISSO NÃO FALTEM
!

sábado, 8 de maio de 2010

LANÇAMENTO DE "A PELE DE ESAÚ", EM FEIRA DE SANTANA...


O poeta Silvério Duque... autografando seu mais novo livro A pele de Esaú


A coordenadora do núcleo de Cultura Popular do CUCA, Suzani Caribé, o poeta Silvério Duque, a poetisa e declamadora Lucifrance Castro, A pele de Esaú e o poeta e professor Raymundo Luis Lopes


Silvério Duque (clarinete), Gabriel Ferreira (percussão) e Paulo Akenaton (voz e violão)... o Grupo Arranjos


O público que, atentamente, prestigiou toda a festa


O público... confraternizando-se


Os poetas patrice de Moraes e Lucifrance Castro... declamando poemas de A pele de Esaú


O poeta e professor emerito da UEFS, José Jerônimo de Moraes, o poeta e jornalista Ildásio Tavares, o poeta Silvério Duque, o professor e poeta Raymundo Luis Lopes


A coordenadora do núcleo de Cultura Popular do CUCA, Suzani Caribé, o poeta Patrice de Moraes, a poetisa e declamadora Lucifrance Castro, Silvério Duque (com o pequeno João Pedro), o artista plástico Gabriel Ferreira, o poeta e jornalista Ildásio Tavares e o professor emerito da UEFS e poeta José Jerônimo de Moraes, responsáveis diretos pelo lançamento de A pele de Esaú.


Núltimo dia 06 de maio, tive o prazer e a honra de lançar o meu mais novo livro, A pele de Esaú, aqui, em minha terra natal, Feira de Santana, com o apoio da Ed. Via Litterarum, da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), a través do Núcleo de Cultura Popular do Centro Universitário de Cultura e Artes (CUCA) e do Colégio Intelecto de Feira de Santana.

A festa, que teve a coordenação de minha grande amiga Suzani Leite Caribe, contou com as belíssimas declamações de Lucifrance Castro e Patrice de Moraes, com a voz e o violão de Paulo Akenaton e com uma pequena exposição temática do artista plástico Gabriel Ferreira, inspirada nos poemas de meu livro. Além disso, a presença de mestres, amigos e alunos terminou por me proporcionar um dos melhores e mais emocionantes momentos de minha vida, que, aliás, foram bem sintetizados pela crônica do amigo e jornalista Emmanoel Freitas, que é também o autor da foto acima, em seu site Viva Feira (http://www.vivafeira.com.br/):


'Como era de se esperar, Silvério Duque, proporcionou aos amigos, colegas e admiradores uma noite extremamente agradável no lançamento do seu mais recente trabalho, o livro A Pele de Esaú, na qual o autor, acompanhado de seus amigos Gabriel Ferreira e Paulo Akenatom, receberam os convidados com música da melhor qualidade. Duque se não se comportou como um anfitrião convencional, sentado a uma mesa conferindo autógrafos, tocou seu clarinete com os seus amigos proporcionando uma recepção muito agradável a todos que compareceram ao evento, fez um agradecimento emocionado àqueles que lhe são caros e próximos, culminando em tomar no colo seu sobrinho recém-nascido e pousar para fotos com ele. O livro, presenteado por Silvério Duque a população amante da boa literatura, na noite do dia 06 de abril, é uma obra inestimável aos amantes da poesia, que deve ser lido e procurado nas livrarias'.

Àqueles que compareceram a este evento, só posso dizer-lhes, simplesmente, OBRIGADO!!!"


sexta-feira, 7 de maio de 2010

GABRIEL FERREIRA E MARLUCE GOMES EXPÕEM NESTA PRÓXIMA QUINTA-FEIRA NO MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA (MAC) DE FEIRA DE SANTANA...


“Corpo, Movimento e Ludicidade”: com esse mote Gabriel Ferreira, artista plástico, estréia o ano de 2010 com a mostra “Brinquedo dos Angolas – Capoeiragem” trazendo mais uma vez em suas telas e ilustrações a dinâmica da capoeira angola com vários aspectos gestuais e da vadiagem desses agentes sociais. A referida temática vem sendo trabalhada há 10 anos pelo artista, por meio do seu encantamento e proximidade com aquela atividade cultural.


Em parceria com o Malungo Centro de Capoeira Angola tece o discurso imagético a partir dos textos produzidos pelo mestre de capoeira, historiador e professor Josivaldo Pires de Oliveira (Bel Pires), com o qual mantém atividade de publicação de ilustrações em livros e revistas especializadas, além de participar de mostras em outros estados do país e no exterior. Para a abertura da mostra no MAC, o Mestre Bel Pires fará uma pequena palestra sobre o trabalho desenvolvido e temas correlatos.



***


Um olhar sobre a evolução sexual feminina na arte contemporânea.


O corpo sugerido em diversas telas colocando ênfase alusivos à corporeidade e à sensualidade criando uma reflexão sobre uma suposta liberdade.


Marluce Moura, possibilitou a compreensão da corporeidade na sua arte e das varias formas de vivenciar o corpo feminino neste cenário: o corpo ritualizado, o corpo mecanizado e o corpo sexuado; A mostra propõem uma reflexão sobre a feminilidade --analisando, com várias abordagens dois pontos q representam uma mudança de comportamento - o Ponto cruz - A agulha é usada para reparar o estragado. Um grito contra o vazio. É importante despertar a atenção para o pensar e o fazer, bem como para o que acontece no ponto "g" - eliminar os limites. Portanto, fazendo uma leitura da energia que oscila entre estes dois pólos,(cruz ao g) determinando o nosso pensamento para evolução, para a energia oculta em toda a parte. O seu trabalho é como uma excursão sobre o tópico do feminino X contemporâneo - uma discussão que analisa determinados mitos e realidades sobre a mulher e chega à conclusão de que estes são muito mais complexos do que muitos pensavam.


Através dessas diferentes perspectivas de encarar o corpo e os seus “movimentos”, o Museu de Arte Contemporânea Raimundo de Oliveira promove num mesmo espaço físico duas mostras de artes visuais, de dois novos artistas, com o intuito de entrelaçar linguagens que convergem a um mesmo fim: o corpo e sua interação com a cultura.


A Vernissage está marcada para o dia 13 de maio de 2010 às 20h, Rua Germiniano Costa, s/n, Centro, Feira de Santana-Bahia, com permanência programada para 13 de junho do mesmo ano.