quinta-feira, 29 de outubro de 2009

TRÊS HAICAIS...


A grande onda de Kanagawa de Hokusai, xilogravura, 1830.


TRÊS HAICAIS À MINHA MANEIRA
E POR MINHA PRÓPRIA CONTA E RISCO

ao professor, poeta e amigo: Raimundo Luis Lopes




I
Ah, entre o Céu e o Mar,
entre o Chão e os meus pés
...a imensidade.


II
Em mim, olhos e desejos
em ti, aquele cinismo imenso
entre nós... o nosso abraço.




III
Para fazer uma canção: o teu silêncio...
Para compor o meu silêncio: tantas coisas...
– Para dizer-te coisas simples... eu me calo.




quarta-feira, 28 de outubro de 2009

SOBRE UMA CERTA CONTENDA...


Roteiro da Poesia Brasileira: volume anos 2000 de Marco Lucchesi






O DEVER QUE NÃO NOS CHAMA
ou CADÊ A PARTE QUE ME CABE DESTE LATIFÚNDIO
?



Construir uma Antologia, por mais hábil e capaz que uma pessoa seja, é uma das coisas mais complicadas e arriscadas que alguém, em são juízo, se presta a fazer em sua vida; principalmente, pelo fato de essa tarefa, irrefutavelmente, despertar a indignação de alguém, seja por não ver o seu trabalho ali publicado, ou, por não achar, nesta publicação, um trabalho do qual ele goste e considere digno de ali se fazer presente. Seria simples dizer: “quem quiser uma boa antologia, que a faça?” Claro que não...! Eu que tenho pretensões – e somente pretensões, até agora – de me arriscar a tal tarefa, sei muito bem deste problema.

Mas me parece que o professor e poeta Marco Lucchesi esqueceu-se um pouquinho disto em Roteiro da Poesia Brasileira: volume anos 2000 (Global, 2009), de sua autoria. Digo isso por causa do enorme estardalhaço que esta antologia causou – pelo menos, no espaço destinado aos comentários no Blog: http://leitoracritica.blogspot.com/, administrado pela autora Gerana Damulakis, aqui, da Bahia... de Salvador – fora isso, a antologia me parece que vai muito bem, obrigado! Gerana, que é autora, entre tantas coisas, da antologia Panorâmica do conto baiano, deveria, também, ficar temerosa, pois... nunca se sabe.

Pela qualidade de sua poesia, que conheço bem, e por seu trabalho como crítico, que muito pouco conheço, Marco Lucchesi é uma das pessoas mais capazes de construir uma antologia permeada de riqueza e de qualidade, mas como disse a pouco, quem o livrará de irrefutáveis indignações? Seu trabalho foi rechaçado por uma turba de leitores e autores indignados, e, a maioria com razão, de esta antologia não abarcar o real momento por que passa a produção literária baiana e se limitar a um grupo geograficamente e cooperativistamente incrustado em Salvador e pela mídia local.

Parece-me que a grande questão está na atuação destes poetas no círculo literário baiano, que, sem sombra de dúvidas, ou pelo menos em meu ver, é muito grande; é só conferir os cadernos culturais, os concursos literários, as raríssimas, mas existentes, entrevistas em rádio e TV, e veremos que há uma razão muito grande para que estes nomes se façam presentes; por isso, não vou, de forma alguma, atacar o trabalho de Lucchesi, nem os critérios pelos quais ele chegou a esta tão “famigerada” lista de autores baianos, mesmo que alguns desses, se quer, tenham nascido na Bahia – mas alguém aqui diria que Clarice Lispector é uma dignatária da literatura ucraniana? Vanessa Buffone, por exemplo, tem uma poesia leve e expressiva, e, retirando-se alguns lugares-comuns do feminismo literário, é a autora mais talentosa presente entre os “novos baianos”. Já no que diz respeito a outros ali presentes... é melhor deixar pra lá.

Dado aos círculos de amizades que se fazem entre muitos escritores, que criam, promovem, participam e premiam-se mutuamente, com a ajuda cooperativista que tanto banaliza a política e a maioria dos negócios em nosso país, e que não se faz diferente nos meios literários de todo o Brasil, entre Academia, Cadernos Culturais e tapinhas nos ombros, temo que Marco Lucchesi tenha sido vítima das aparências muito mais do que muitos leigos e desapercebidos que, sentados na poltrona de suas casas, de frente para algum programa sensacionalista de televisão ao meio-dia, dão tanta importância a assuntos ligados à Literatura quanto se dá a um mosquito que acabou de ser esmagado pelo jornal de ontem... aqueeeele que continha um certo caderninho, com uns poeminhas...?!

Pensando melhor... bem que Marco Lucchesi poderia ter dado uma olhadinha na Bahia para além de Salvador... ali, em Ilhéus, em Feira de Santana, em Cachoeira... Ele só não pode dizer que foi contagiado pela famosa “preguiçinha baiana”, pois, para alguém com tantos e merecidos títulos como Lucchesi, para um professor à altura de sua graduação e fama, faltou-lhe o elemento básico em sua antologia: uma boa, sincera e exaustiva pesquisa.






***


E pior que o cooperativismo deliberado é o espírito cooperativista intrínseco, pelo que me parece existir no espírito sujo de muita gente, que, infelizmente, acha que uma pessoa que critica, por melhor e construtiva que seja a crítica, é uma invejosa e uma infeliz que não realizou seus sonhos e aspirações, e, mais interessante ainda, é se valer de críticas para criticar o uso da crítica propriamente dita... “faça-me uma garapa!”, como dizia o meu avô, esta não tem Freud que explique.

Digo isso, pois, dos muitos comentários que li o do poeta Gustavo Felicíssimo foi um dos melhores e mais coerentes, mas, por uma dessas ilógicas que só têm lógica nos meios literários brasileiros, e, conseqüentemente, no baiano, foi o mais atacado e acusado entre tantas coisas – até mesmo de fruto de uma inveja explícita e descabida... ai, minha carapuça!

Gustavo Felicíssimo, a quem aprendi facilmente a admirar como pessoa e como artista, e que já tive a oportunidade, aqui mesmo neste Blogger, de dizer estas mesmas coisas, é um defensor de idéias e filosofias e ver alguma inveja em seus comentários é o mesmo que enxergar a pedagogia de Piaget num programa da Xuxa. O que será de mim, então, após publicar este artigo? Miserere mei, Deus: secundum magnam misericordiam tuam...

Tão importante quanto o fato de defender uma idéia, e ainda mais uma filosofia, é vivê-la, é torná-la a essência de sua existência e nela construir uma vida singular, baseada naquilo que se tem como verdade ou missão, e, isso, cabe, também, e talvez mais (ou mais freqüentemente) aos poetas. É o caso, por exemplo, do Gustavo Felicíssimo, atualmente um dos melhores, mais promissores e ativos poetas da atual Literatura Baiana e Brasileira; atividade que vai além da poesia e se estende para um trabalho de divulgação das novas gerações poéticas e que, graças à qualidade tanto de sua poesia como de seu trabalho de crítico e de divulgador, tem sido reconhecido por muitos dos melhores poetas e críticos do país, a exemplo de Pedro Sette Câmara, Cláudia Cordeiro e Luis Dolhnikoff e, lógica e verdadeiramente, é atacado e invejado por uma leva considerável de nossos medíocres alguma-coisa.

Eu, particularmente, considero as micro-entrevistas da série Três perguntas para... (conferir: http://sopadepoesia.zip.net/), uma das idéias mais bem boladas da Internet e, mais particularmente ainda, um dos melhores projetos dos quais participei. O fato de se fazer presente em várias revistas e sites de poesia, como o Cronópios e, mais recentemente, Plataforma para a poesia, além de seu Blog, Sopa de poesia, ser reconhecidamente premiado, pela revista Veja, como um dos melhores Blogs do país, são exemplos concretos de que Gustavo Felicíssimo merece todos os elogios que, sem medo ou pudor, e, sim, com sinceridade e débito, venho prestar a ele nestas poucas e insuficientes palavras... Como podem ver, aceito a cruz que, deliberadamente, me adorna os ombros.

Se o Gustavo fez quaisquer comentários sobre seja lá o que for, ele deve ser julgado pela qualidade e veracidade dos comentários que fez e não porque, simplesmente, teve a coragem o dever e a capacidade lúcida e bem fundada de fazê-lo; e o mesmo vale para a antologia de Marco Lucchesi... o que ou quem se presta contra estas coisas, sim, é um invejoso ou um cooptado pela inveja.

...mas não é Freud que diz que dizia que “o instinto de amor em direção a um objeto exige um domínio para obtê-lo, e, se uma pessoa sente que não consegue controlar o objeto, ou se sente ameaçada por ela, passa a agir negativamente com relação a ele ...”?

Melhor deixar pra lá...







Feira de Santana, 28 de outubro de 2009

GRANDE LANÇAMENTO DE TRÊS FOLHETOS DE CORDEL SOBRE A FRANÇA... POR FRANKLIN MACHADO



O poeta e jornalista Franklin Maxado

A quem interessar possa o poeta Franklin Maxado lançará seu mais novo trabalho Três folhetos de cordel sobre a França no dia 5 de novembro ( quinta-feira) às l9:00 h na Galeria Carlo Barbosa, no CUCA (Centro Universitário de Cultura e Arte) em Feira de Santana. O CUCA, para quem não sabe, fica na Rua Conselheiro Franco, s/n, em Feira de Santana-BA.
Não deixem de ir!!!

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

UMA HOMENAGEM A VICENTE HUIDOBRO...


O poeta chileno Vicente Huidobro (1893-1947)





UMA CANÇÃO PÓSTUMA

À MANEIRA DE VICENTE HUIDOBRO

ao amigo Jaime Stone, também chileno





Ah,
em meu coração há sempre um porto
antigo de esquecidas datas
repleto de incontáveis sonhos.

E há sempre naus que vão partindo
e lenços
a estender o meu adeus.

Há silêncio e deserto no meu coração!
Dentro dele
um partir... tantas vezes renascido.

Ando em viagem a esperar por minha vida:
nela estou sempre ausente
desejando
(calado)
outras distâncias
ou anseio – gritando – por minha morte...

...meu coração é um poema jamais escrito.

UMA POÉTICA DO DESLIMITE... NOVO LIVRO DE RENATO SUTTANA


O porofessor, poeta e ensaista Renato Suttana


Novo livro de Renato Suttana é uma incursão, sem limetes, na poética de Manuel de Barros


Acaba de sair, pela Editora da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), a obra Uma poética do deslimite: poema e imagem na obra de Manoel de Barros, "do professor, poeta e pesquisador de verdade", segundo às sinceras palavras de meu amigo e poeta Miguel Antônio Carneiro - palavras que, também, faço minhas - Renato Suttana. O livro se constitui num ensaio em que se faz à leitura da poesia de Manoel de Barros, tomando como ponto de partida a noção de imagem poética. A perspectiva central, segundo o autor, é de que a imagem, situando a questão da linguagem no poema, remete a uma interrogação acerca das relações que unem palavras e coisas, vistas como elemento que orienta e sustenta uma semântica peculiar à poesia do poeta matogossence. O estudo têm de duas partes: trata da questão da imagem em si e da presença da imagem no poema, apontando aspectos fundamentais do modo como a imagem se configura na obra do poeta sul-mato-grossense; realiza a leitura da obra com vistas a determinar os eixos básicos da imagem que aí se desenvolve, procurando ressaltar possíveis relações que existirão entre um espaço das coisas e um espaço das palavras. Tal estudo se apresenta como resultado de sua dissertação de mestrado (defendida em 1995 na PUC-MG) que, só agora aparecendo em livro, se tornou referência para os estudiosos de Manoel de Barros, sendo citada em teses e dissertações. Além do livro em questão, o autor publicou ainda João Cabral de Melo Neto: o poeta e a voz da modernidade (São Paulo, Editora Scortecci, 2005), os livros de poesia Visita do fantasma na noite (2002), Bichos (2005) e O livro da noite (2005), e outros em formato eletrônico na Internet (onde mantém o site O arquivo de Renato Suttana, destinado à publicação de trabalhos de autoria própria, traduções e contribuições de outros autores e tradutores... eu, inclusive, tenho o orgulho de está lá, com poemas e um ensaio sobre Eurico Alves Boaventura). O livro, publicado pela EDUFGD, encontra-se disponível na Editora e será lançado no III Seminário de Pesquisa da Faculdade de Educação, no dia 23 de outubro de 2009, nas dependências da UFGD, Unidade I, às 19:00h.



Quem poder ir, que vá... quem poder ler o livro... que o leia.



terça-feira, 20 de outubro de 2009

"O CAOS REINA"... EM "ANTICRISTO" DE LARS VON TRIER...


Charlotte Gainsbourg e Willem Dafoe em cena de Anticristo de Lars Von Trier


O diretor Lars Von Trier


Gozo e tragédia ao som de Haendel... em Anticristo de Lars Von Trier


Que o diretor Lars Von Trier é de um talento extraordinário, isso eu nunca duvidei, principalmente ao me recordar de suas produções anteriores: Os idiotas, Dançando no escuro e Dogville, mas é com Anticristo, novo filme do renomado diretor dinamarquês, e que tive o prazer de assistir neste último sábado, Von Trier extravasa genialidade e emoção desenfreadas naquele que é, sem dúvida, o mais polêmico e melhor de todos os seus trabalhos. A história é dividida em capítulos, outra marca do cineasta: Luto, Dor (Caos reina), Desespero (Ginocídio) e Os Três Mendigos, além de um Prólogo e um Epílogo. As cartelas dos episódio surgem sujas, pintadas sobre ilustrações abstratas em giz, contrastando com a absorvente beleza plástica do filme, fotografado por Antony Dod Mantle, de Quem quer ser um milionário?
Desde a lindíssima abertura, toda em câmera lenta e preto e branco - retratando uma explícita cena de sexo e orgasmo, ao som da ária Lascia che io pianga, da ópera Reinaldo, de Haendel - ao assombroso final da cena causada pela morte de seu filho, atraído à janela e, conseqüentemente, à morte, pela neve que, suave e poeticamente, cai pelo lado de fora. Não há qualquer traço de restrições dogmáticas, pelo contrário, Lars Von Trier se mostra mais corajoso e despudorado do que nunca. Von Trier abraça, neste filme, a necessidade do uso de todos os recursos cinematográficos para contar sua história – e, como sempre preferil, chocar o público num processo que mistura beleza e crueldade como nunca dantes visto na história do cinema moderrno. Homem e mulher – ambos sem nome –, arrastados pela tragédia familiar que lhes atingem profundamente, mergulham numa profunda lamentação. Ele, numa metáfora bem elaborada de razão e arrogância tenta salvá-la usando o que sabe, a psicologia; Ela, em sua alma dilacerada, de escritora e mãe, entrega-se a uma dor psiclógica sem igual, que nenhuma dor física parece se sobrepor... e olhem que dores físicas não faltam, para ambos, neste filme. Ambos se infurnam em um chalé nas montanhas, denominado Éden, na busca de uma cura para seus sofrimentos. O tratamento não dá certo e as conseqüentes discussões, seguidas de agressões e depois por mutilações, são tão duras e verdadeiras que em algum momento me perguntei se me sentia um sádico ao acompanhá-las. O sentimento de pesar e cinismo – uma constante na carreira de von Trier – faz-se, aqui, presente como nunca. Segundo o que se vê, num primeiro momento, em Anticristo, não há alento para a humanidade quando tudo o que acreditamos sobre nós mesmos é essencialmente mal, errado e inglório. Ao redor de tudo isso está a Natureza, má e presente como o verdadeiro Anticristo.
É explorando as mais diversas, contraditórias e sinceras emoções que, aliás, o filme se vale em todos os seus momentos; essas emoções são extraídas de uma maneira crua e desgastante, tanto pela parte que cabe aos atores, a excelente Charlotte Gainsbourg e o impecável Willem Dafoe, quanto aos espectadores de seu filme; isso, diga-se é uma das principais características de Lars Von Trier que, por um motivo que se deverá saber um dia, em Anticristo, são levadas às últimas conseqüências, para compor um filme inclassificável, onde o menor sinal de rotulação diminuiria consideravelmente toda a dimensão de seu trabalho. Assim sendo, Anticristo se apresenta ora como um drama conjugal; ora como um trailer psicológico a encher de gozo qualquer psicanalista, até porque Von Trier coloca em questão a chamada psicoterapia cognitiva como uma alternativa menos profunda que a psicanálise, mas útil para resolver alguns tipos de problemas, medos e traumas; ora um filme de terror muito singular; ora como uma tragédia que se desenrola em contínuas e inevitáveis desgraças, sem perder as graças líricas que compõem as entrelinhas de seu roteiro, nem deixando de se apresentar como uma fábula singular e assombrosa, como em um dos momentos do filme em que uma raposa, eviscerada após um momento de auto-canibalismo, toma a tela para falar: "o Caos reina!". A cena, que deveria, de certo modo, parecer risível é de um desconforto puro e irrestrito, como a pornográfica exposição de seus atores e das emoções que estes, a todo custo, tentam arrancar desta subjetividade explícita que somente Lars Von Trier poderia criar.
Seja qual for o tipo de definição que se queira dar a Anticristo, ela sempre estará um passo atrás daquilo que este filme nos expõe na prática, pois, sobre certos pontos de vista, Von Trier consegue realizar o que parecia irrealizável, um torture-porn psicológico de arte, o que, ao mesmo tempo, parece ser a única forma possível de se mostrar tamanho hermetismo artístico. Anticristo é um filme ao mesmo tempo belo e cruel... deliciosamente belo e cruel.

...E A AGENDA DE OUTUBRO CONTINUA...






sábado, 17 de outubro de 2009

POEMA DO BREVE REGRESSO...


Carolina (sobre um tema de Chico Buarque de Holanda) de Gabriel Ferreira. Acrílico sobre tela. (70X70)cm. 2007.

UM BREVE REGRESSO


– Na casa velha
dormem, ainda,
outras canções de antigas tardes,
mas nada nos diz
o eco melancólico destes silêncios.

A fúria das lembranças que se foram
( muito cedo ) nos invade a memória
com rosários e rezas;
com as estórias de uma infância
muito além de nosso compreender;
com a ternura antiga
que alongava os dias, os sorrisos
e os nossos supostos sonhos...

Ah, tudo é um imenso vazio que nos povoa as almas!

( Na casa velha de minha infância
as lembranças projetam dores
sobre este olhar perdido ).




Feira de Santana, 10 de julho de 1999/10 de julho de 2008.


quinta-feira, 15 de outubro de 2009

DIÁLOGOS: CHAMADA PARA O PRÉ-LANÇAMENTO DO LIVRO



Nesta sexta, 16/10, é o pré-lançamento de DIÁLOGOS-PANORAMA DA NOVA POESIA GRAPIÚNA, durante o CONLIRE - I Congresso Nacional Linguagens e Representações, na UESC (Universidade Estadual de Santa Cruz). Na próxima quinta e sexta, 22 e 23/10, respectivamente, haverá o lançamento na Academia de Letras de Ilhéus e em Itabuna, na Biblioteca Plínio de Almeida, onde o poeta Gustavo Felicíssimo apresentará um breve texto baseado em seus estudos: POESIA GRAPIÚNA: DA SUA FUNDAÇÃO AOS DIAS DE HOJE. No sábado, haverá uma grande festa com música, no Espaço Cultural Casa Aberta, no outeiro, em Ilhéus.



Esperamos por todos.

Lançamento do livro Diálogos: Panorama da nova poesia grapiúna

UESC - Universidade Estadual de Santa Cruz / Foyer do Auditório Paulo SoutoHorário: 18 horas

Valor do livro: R$ 15,00

UM POEMA SOBRE A BAHIA... COM TRADUÇÃO PARA O FRANCÊS DE PEDRO VIANNA


O banho das negras de Gabriel Ferreira (acrílico sobre tela/2005).

Há algumas semanas, publiquei, aqui mesmo neste blog, um poema improvisado sobre as mesmas circunstâncias das quais ele trata; agora, volto a publicá-lo por que me chegou às mãos uma tradução para a língua francesa deste mesmo poema. O autor do novo poema – porque traduzir é também criar – é Pedro Vianna, a quem eu conheci – e ao seu valoroso trabalho com o site http://poesiepourtous.free.fr/ – através da queridíssima pessoa do poeta Miguel Antônio Carneiro, a quem eu devo, também, mais do que uma crítica à altura de seu talento, outro grande amigo e mestre que me tem ajudado de uma forma cujos agradecimentos que lhe devo não caberiam em laudas e mais laudas de “muito obrigado”; o trabalho de Pedro Vianna é louvável principalmente pela valorização de muitos novos e veteranos poetas de nossa querida Bahia que ele tão caprichosamente constrói em seu site:


http://poesiepourtous.free.fr/poesiepourtous/poesiepourtous/pomoi.htm.

Meus caros Pedro e Miguel... na falta de algo mais apropriado: MUITÍSSIMO OBRIGADO!!!

Eis, novamente, o(s) poema(s):

NO AZUL DA TRAVESSIA...


Este azul, tantas vezes renascido
a espelhar outro azul envolto no Mistério

é o mesmo azul que recobre a travessia da ilha de Itaparica
( e que eu encontrei sorrido nos teus olhos o dia inteiro )

imenso em sua verdade
tão simples, tão vazia... tão perfeita.

É o azul do mar da Bahia.



***



DANS LE BLEU DE LA TRAVERSEÉ...
Tradução de Pedro Vianna


Ce bleu, tant de fois ressuscité
reflétant un autre bleu entouré de Mystère

est le même bleu que recouvre la traversée vers l'île d'Itaparica
(et que j'ai trouvé souriant dans tes yeux le jour durant)

immense dans sa vérité
si simple, si vide... si parfaite.

C'est le bleu de la mer de Bahia.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

A TURMA DE FEIRA... UMA CRÔNICA DE ILDÁSIO TAVARES


O poeta e jornalista Ildásio Tavares

Ildásio Tavares, um dos maiores nomes da poesia brasileira, e – mais do que um orgulho para mim – um grande mestre e amigo, agraciou-me, e, também, à poetisa Nívia Maria Vasconcellos, à declamadora Lucifrance Castro e ao artista plástico Gabriel Ferreira, com uma de suas crônicas semanais nesta última edição do jornal Tribuna da Bahia.

Ildásio, a quem eu devo, entre tantas coisas, um ensaio digno de sua poética neste blog, reconhece o trabalho árduo e a dedicação empreendida para realizarmos os mais diversos eventos, aqui, em Feira de Santana, e exalta, com o racionalismo crítico que lhe é contumaz, e, ao mesmo tempo, com a grande capacidade de admirar, que é a marca de todo grande poeta, os diversos talentos destes artistas feirenses, baianos... brasileiros.

Ao Ildásio Tavares, os meus mais sinceros agradecimentos, que, também, é o agradecimento dos outros artistas por ele citados. É, em nome deles, principalmente, que te agradeço.

Receba o nosso abraço...

Vamos à Crônica:



A TURMA DE FEIRA
por Ildásio Tavares


Venho recebendo regularmente,ora de Nivia Vasconcelos, ora de Silvério Duque notícias de uma movimentação cultural no interior, mais especificamente de Feira de Santana, que ombreia em qualidade com os movimentos que possam ocorrer em Salvador. Estes ainda me dão notícia de Lucifrance, exímia declamadora de versos que me brindou com um cd em que interpreta Navio Negreiro de Castro Alves.


O grupo ainda se completa com espetáculos musicais. Decididamente poeta, e poeta sério, do soneto, do verso medido, Silvério também trauteia a clarineta e participa de espetáculos em homenagem aos grandes vultos da Música Popular Brasileira, já houve Vinicius e agora fazem um show de Noel Rosa que sobre ser um painel da música do grande gênio também exerce uma função didática, aviventando nas mentes dos mais jovens a grandeza do nosso passado.musical, do samba do Estácio.


Vejo, pelas imagens que me chegam pela internet que estes shows merecem uma produção cuidada que há a preocupação com o figurino, com o cenário além do repertório cuidado do autor que imagino receber uma execução à altura. Estes espetáculos não são meramente episódicos. Eles se enfileiram há algum tempo, sempre com a correta escolha de uma figura de relevo de nossa música.


Completa o grupo a admirável pintura de Gabriel Ferreira que não conheço pessoalmente, mas que me atrai por sua arte honesta, sem truques nem conceitos em que as imagens são tratadas com esmero artesanal para um final de perfeita solução plástica expressa por uma mão segura de um hábil colorista. Gabriel não se esconde atrás dos modismos tão encontradiços no momento presente. Parte para uma definida vocação de pintar e realiza seu desiderato plasticamente, através de sua habilidade no manejo de pinceladas às vezes vigorosas, mas nunca frouxas, nunca guiadas pelo acaso.


O grupo mexe com um elenco de músicos e de cantoras que passa para mim a idéia de um trabalho, mesmo sem ter tido a oportunidade de escutar a tudo. Não há uma intenção esporádica de um pulo no escuro. Há um trabalho seqüencial que admira quando se pensa na dificuldade de se fazer arte, mormente no interior. A turma de Feira merece nosso aplauso e nosso incentivo. A poesia de Silvério está sempre em progressão, perfeccionando seu decassílabo, burilando seu soneto, forma a que se dedica com afinco.


Nivia Maria, versátil, vertical, com esta seriedade e dedicação que só mesmo as mulheres tem, moureja no conto e no poema.. Já é mestre em Letras, caminha para o doutoramento. Já tive oportunidade de me pronunciar sobre algo que considero essencial na linguagem literária e que Nivia Maria esgrime com perfeição. Refiro-me ao poder de síntese que, no conto, a faz caracterizar o personagem e por extensão a história com poucas palavras. Na poesia ela nada desperdiça, obedecendo a Ezra Pound que afirmava ser a poesia a arte de dizer muito com poucas palavras... E Nivia não é desse poetas inspirados. Por seu conhecimento da técnica, é uma criadora consciente.



Tribuna da Bahia, 05 de outubro de 2009.


CUCA-UEFS... AGENDA CULTURAL DE OUTUBRO







REPORTAGEM DA UEFSTV SOBRE O "TRIBUTO A NOEL ROSA"...

A cantora Célia Zaiin, a diretora do Núcleo de Cultura Popular, da UEFS, Susane Caribé, o poeta e clarinetista Silvério Duque, o artista plástico Gabriel Ferreira e o pianista Tito Pereira, durante o "Tributo a Noel Rosa"... 30 de setembro de 2009.


Clique no link:

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

OUTUBRO COMEÇA COM O LANÇAMENTO DO NOVO LIVRO DE LUIS DOLHNIKOFF...


O poeta e crítico literário Luis Dolhnikoff







Luis Dolhnikoff (SP, 1961) iniciou sua carreira literária com o livro de poemas Impreciso emigrar (SP, Massao Ohno, 1979). Depois de um intervalo no qual cursou medicina e letras na USP, retornou com Pãnico (SP, Expressão, 1986, com apresentação de Paulo Leminski). Em 1987, participa da fundação da editora paulistana Olavobrás, pela qual publicaria Impressões digitais (1990), e Microcosmo (1992), ambos de poemas, além da coletânea de contos Os homens de ferro (1991). Publicou poemas em Atlas Almanak 88 (SP, Kraft, organização Arnaldo Antunes), na página de arte e cultura Musa paradisiaca (Curitiba, A Gazeta do Povo, 1997, edição de Josely Vianna Baptista e Francisco Faria), na revista Medusa (Curitiba, 2000), na revista Tsé=tsé 7/8 – número especial com 30 poetas brasileiros contemporâneos (Buenos Aires, 2000), na antologia de poesia brasileira contemporânea Moradas provisorias (in Hipnerotomaquia, Ciudad de Mexico, Aldus, 2001, organização Josely Vianna Baptista) e na revista Cult (SP, set. 2002, no. 61). Colaborou com resenhas e artigos literários em O Estado de S. Paulo, Jornal da Tarde, A Gazeta do Povo (Curitiba), A Notícia (Joinville), revista Sibila (SP) e jornal Clarín (Buenos Aires). Entre 1992 e 1995 coorganizou, ao lado de Haroldo de Campos, o Bloomsday de SP, em que deu a público suas traduções de poemas de James Joyce. Em 2001 recebeu Menção Honrosa no “Prêmio Redescoberta da Literatura Brasileira”, da revista Cult, com a trilogia poética Consubstanciações I (sendo os jurados os poetas Nelson Asher, Waly Salomão e Cláudio Willer). Lodo é seu mais novo trabalho e, certamente, um sucesso de crítica e público.