segunda-feira, 30 de maio de 2016

O GALO...

O Galo de Aldemir Martins (1939). Óleo sobre tela 35x45 Coleção particular.





O GALO

ao poeta e amigo João Antônio Marra Signoreli





Se um galo cala o dia chega sem aviso.
Caberá à manhã uma nova arquitetura
para que o galo envolva o dia em sua moldura
que um galo é sempre o abrir do Sol com seu sorriso.

Se um galo deixa de passear pelo terreiro
é menos um guerreiro armado contra a morte
pois se é de crista e esporas sua voz e seu porte
um galo é a um só tempo um passo e o mundo inteiro.

Todo galo a si mesmo se completa. Um galo
como mar em si mesmo se mergulha. Um galo
será sempre a extensão do mesmo e esmero galo.

Um galo canta e o dia chega de um estalo.
Um galo sabe de sua voz... De seu abalo.   
A um galo nada cabe além do próprio galo.

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