O poeta Bruno Tolentino (1940-2007)
A BALADA DA MEDUSA
de um Trompe L’œil à Tolentino
sob a forma de um possível soneto inglês
ao Jessé de Almeida Primo.
Nosso amor, como tudo neste mundo,
é um risco, um faz-de-conta... uma impressão
sem sentido, uma tola profusão
do imperfeito e do imprevisto, do fundo
escuro e sem sentido do desejo.
Nossa dor como tudo nesta vida
é um desespero – pedra confundida
com a ânsia alucinada do teu beijo – ,
uma alucinação – olhar desfeito
ante à sombra, à luz, à escuridão –
e tantos mais contrários desta união
do feito, do perfeito e do refeito:
e, assim, se somam tudo quanto é triste
sem saber qual de nós menos existe.
Improvisado após a leitura de A Balada do Cárcere de Bruno Tolentino.Feira de Santana, 12 de julho de 2004.
3 comentários:
Gostei do soneto, mas é parecido demais com o estilo do Tolentino. Um poema dedicado a ele ou em resposta a um dele não precisa necessariamente ser composto com formas semelhantes às que ele usava, senão acaba soando como imitação.
Caramba! E se eu te contar que também estive envolvido, o mês todo de julho, com "A balada do cárcere". Reli o livro e o reli de novo.
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