Moça à janela (1925), por Salvador Dali, óleo sobre tela, Museu Rainha Sofia, Madrid. |
SONETO
(por Silvério Duque)
Canta,
filha da luz da zona ardente,
o tempo emaranhado em seus retornos,
o amor crescendo à proporção das rotas,
o procriar tardio de tantas mortes...
Porque toda palavra é esquecimento
é preciso cantar: as mesmas pedras,
os mesmos grãos, a solidão da carne,
o chão, o pó, o horror, a cor, a vida,
os frutos que morreram no pé, voz
interrompida no soluço, a névoa,
a manhã debruçada ao sempre verde.
Pois o mesmo final está em tudo
e, em tudo, existe o mesmo aprendizado
– a mesma dor que vai tecendo os homens.
o tempo emaranhado em seus retornos,
o amor crescendo à proporção das rotas,
o procriar tardio de tantas mortes...
Porque toda palavra é esquecimento
é preciso cantar: as mesmas pedras,
os mesmos grãos, a solidão da carne,
o chão, o pó, o horror, a cor, a vida,
os frutos que morreram no pé, voz
interrompida no soluço, a névoa,
a manhã debruçada ao sempre verde.
Pois o mesmo final está em tudo
e, em tudo, existe o mesmo aprendizado
– a mesma dor que vai tecendo os homens.
3 comentários:
Para mim, um soneto irretocável. E o verso em que vc fala que é preciso cantar porque toda palavra é esquecimento é demais!!! Aí está, em poucas palavras, toda a ideia de fazer poesia: o processo das rimas e dos versos como função mnemônica. Valeu!!!
"Toda a palavra é esquecimento", o esquecimento pelo qual também lembramos e somos lembrados! Lindas metáforas! Abraço.
Eu te desejo Poeta Amigo toda a Felicidade do Mundo em 2013, que ela seja extensiva a toda tua bela Família. Um abraço forte, Miguel Carneiro.
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