segunda-feira, 25 de março de 2013

A "POESIA SELETA" DE ADELMO OLIVEIRA


Título: Poesia seleta de Adelmo Oliveira
Autor: Adelmo Oliveira
Editora: Mondrongo Livros
ISBN
9788565170161
Valor: R$ 20,00




Um capítulo à parte é o soneto adelmiano, inscrito numa tradição do soneto peninsular e do soneto brasileiro. Lá estão Camões, Gôngora, Quevedo, Gregório, Bilac, Cruz e Souza, Jorge de Lima Vinícius, sete oitabos da poesia ibero-brasileira abaixo da superfície, e a ponta deste iceberg é Adelmo Oliveira, conglomerado intertextual que rachará, sem dúvida, a cabeça titânica do leitor incauto. Os amantes da poesia agora têm à disposição o sumo, ou seja, o melhor de um dos melhores poetas brasileiros. Saiu publicado pela Mondrongo a Poesia Seleta de Adelmo Oliveira, com seleção de Gustavo Felicíssimo e estudo crítico de Jorge de Souza Araújo. A obra está disponível para aquisição, bastando CLICAR AQUI:






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“Humanista em tempo integral, Adelmo Oliveira é o “andarilho do vento” que paga pesado tributo ao gesto de viver emparelhado com os 300, 350 da multidão que Mário de Andrade anunciou dispersa e quase nunca reunida. Permanecendo na saga de um existir peado de circunstâncias de solidária conformação à dor de muitos, ainda nos sonetos brilha tanto a estrela maior de Adelmo que só conseguimos ombreá-lo a outros seus comparsas, exímios sonetistas malungos: o pernambucano Carlos Pena Filho, o maranhense Nauro Machado, o capixaba Geir Campos, o outro baiano Florisvaldo Mattos, o que se confirma em exemplaridades como em Morte dos dias. Petrarqueano, no Soneto de um delírio, Adelmo Oliveira conclui ser impossível poder escapar à vertigem de onipotência do sentimento amoroso, reconhecendo, logo após abrir sua particular caixa de pandora das feridas do mundo pelo avesso e erigir um “mar de gesso”, em franca capitulação: “Tocado de corrente magnética/ Liguei o fio da vida na matéria (...) Prendi a alma nas cordas da Paixão””.

Jorge de Souza Araújo




“Adelmo Oliveira, poeta, decididamente poeta, firmemente plantado em seu passado cultural, passando do bastão que lhe passaram seus arquétipos, seus ancestrais, seus pais, irmãos e filhos. O caminho para trás é o mesmo caminho para frente, diria Heráclito se estivesse vivo. E será que ele não está? Nosso poeta executa com inspiração, transpiração, informação e maestria a única possibilidade de inovar neste final de século e na década do terceiro milênio – o passo à frente Calçado pela retaguarda com o olho na vanguarda, mesmo porque quem não olha para adiante, fica atrás.

Culto, lido, experimentado, calejado, sofrido, maltratado pela maldade dos homens e pela Moira – esta deusa impiedosa -, sazonado pela dor física da tortura, pela dor mental infligida pela ignorância, pelos punhais gelados da suprema dor de ver-se morrer em seu projeto narcísico do futuro, Adelmo Oliveira não deu a isso tudo o troco turvo da amargura. Deu ao mundo, como flor, a dor filtrada dos seus versos, e como todo poeta – que só é grande se sofrer, como disse outro – Adelmo se fez grande pelo sofrimento da vida vertido no sofrimento da linguagem para atingir o único paraíso palpével – o Éden da poesia, onde a Queda se resolve em Ritmo, onde o Pecado se resolve em beleza.

Um capítulo à parte é o soneto adelmiano, inscrito numa tradição do soneto peninsular e do soneto brasileiro. Lá estão Camões, Gôngora, Quevedo, Gregório, Bilac, Cruz e Souza, Jorge de Lima Vinícius, sete oitabos da poesia ibero-brasileira abaixo da superfície, e a ponta deste iceberg é Adelmo Oliveira, conglomerado intertextual que rachará, sem dúvida, a cabeça titânica do leitor incauto. Ao soneto, como de resto a toda a sua poesia, o poeta traz sua erudição, sua sensibilidade enraizada na Tradição, e dela renovadora, e sua capacidade de transubstanciar a vida em verso e de fazê-lo com elegância, em momentos nos quais atinge o difícil rincão do inefável”.

Ildásio Tavares








SONETO DA ÚLTIMA ESTAÇÃO
(MITOLOGIA MARINHA)

por Adelmo Oliveira




Esta que vem do mar por entre os ventos,
sacudindo as espumas dos cabelos,
vem molhada de azul nos pensamentos,
seu corpo oculta a ilha dos segredos.

Vem e dança ao andar sobre as areias
úmidas sob os passos e os desejos,
onde as ancas são ondas em cadeias
infinitas de luz contra os espelhos.

Nem precisa de flor nem de perfume,
ela é a própria essência do ciúme,
feita de mito e se fazendo estrela.

Vem – dança – e passa aos fogos do verão
– fantasia da última estação.
explodiu na vertigem da beleza.




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