O Carrossel de Mark gertler (1916): Óleo sobre tela; 247 x 487 cm – Tate Gallery, Londres.
SONETO*
à Senhora Claudia Cordeiro, un souvenir...
( pr’ uma aquarela à Carlos Pena Filho )
Por que pintei de azul a nossa estrada?
Por não trazer um céu sob os sapatos.
Então, busquei, em gestos insensatos,
despir, do azul, o Azul da madrugada.
Por não trazer um céu sob os sapatos.
Então, busquei, em gestos insensatos,
despir, do azul, o Azul da madrugada.
Para exigir então o azul ausente,
que se espargiu em tuas alpargatas,
roubei de ti o azul das coisas gratas,
que, em teu olhar, nasceu tão simplesmente.
que se espargiu em tuas alpargatas,
roubei de ti o azul das coisas gratas,
que, em teu olhar, nasceu tão simplesmente.
Mas, vestidos de azul, nem recordamos,
haver tantos azuis que azuis se amassem,
qual o Mar e o Céu, no azul, nos espelhamos...
haver tantos azuis que azuis se amassem,
qual o Mar e o Céu, no azul, nos espelhamos...
E, perdidos no azul, nos contemplamos,
porque, do azul, as coisas sempre nascem,
pois, no morrer do azul, nós retornamos.
porque, do azul, as coisas sempre nascem,
pois, no morrer do azul, nós retornamos.
* Sobre este meu soneto, o poeta Gustavo Felicíssimo, em seu blog, Sopa de Poesia, escreveu e publicou: "Tudo bem, alguém poderá me dizer que o poeta do azul é Carlos Pena Filho. O seu Soneto do desmantelo azul é mesmo uma jóia, mas esse heróico do Silvério Duque, convenhamos, tem seu lugar, um soneto espirálico, marcado por esse último verso: 'pois no morrer do azul, nós retornamos', que deixa o poema em aberto. Muito bom mesmo!"... O pior é que eu estou começando a acreditar (rsrsrs)! Brincadeiras à parte, é sempre muito bom poder me inspirar e homenagear grande nomes de nossa Literatura, além de outros que têm um papel fundamental na divulgação da grande poesia: como é o caso dos nomes acima.
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