quarta-feira, 7 de novembro de 2012

SONETO CAFAJESTE...



A "moça" que ilustra este meu soneto é de um quadro de um francês de Saint-Jean-de-Luz Javier Arizabalo, pintor hiperrealista, demonstra em sua obra um olhar carinhoso para a velhice (veja as reproduções no final do post), mas é para as mulheres que guarda a maior porção de sua delicadeza. Esculpe, com pincéis, corpos – nus – e tudo o que fazem parte de seu universo: sentimentos, esperanças, sonhos e prazeres.Sua obra ostenta dupla entrega: a do próprio pintor, que dá vida a um imaginário latente, vívido, prazeirento e lânguido, e a do modelo, que confia que seu reflexo espelhe o que de melhor tem a oferecer. Nas suas palavras: “A “arte” ou o “fazer” são por e para a vida humana; como tudo o que é real, o são por “razões” (sentido, vontade…). Faz tempo que utilizo a arte para curar-me, alimentar-me; resolvo os desejos a partir das imagens que re-presento, é maravilhoso”. Arizabalo é um daqueles artistas que, por alguma razão, não dá títulos a seus quadros. Isso, naturalmente, não muda a qualidade de seu trabalho.




SONETO
CAFAJESTE...
(sobre um tema de João Carlos Teixeira Gomes)


por Silvério Duque




De mim não saberás o quanto eu te amo
por não querer do amor a morte exata
nem importa do amor verdade ou engano
"se o mesmo amor que cura é amor que mata"...!?

Piegas, não!? Mais do que isso é amor confesso
tanto mais imbecil se mais se mostra
contido de paixão e tempo egresso
onde tudo, no fim é a mesma bosta.

Mas se me amas no instante em que me vens
amar-te é o que mais sinto e o que mais vejo
pois quanto mais te negas mais me tens

neste amor que é nutrir-se de sobejo...
Num jogo de intenções e de desdéns
apenas quero eterno o meu desejo.







Um comentário:

Gustavo Felicíssimo disse...

que belo poema Silvério!