segunda-feira, 1 de agosto de 2011

UMA CRÔNICA PATERNA...





 Pai e Filho de David Teniers (1648), óleo sobre tela, coleção particular.




Hoje, soube que serei pai...


Que loucura que eu cometi, meu Deus. De todas as besteiras que fiz em minha vida esta, sem dúvidas, foi a maior de todas.
Porque só mesmo um louco para ter um filho. Um louco ou o mais irresponsável dos inconseqüentes, pois o que nos dá, realmente, o direito de arremessar num mundo e numa existência – que sabemos perigosa e decepcionante – alguém que jamais pediu para isso?


Ter um filho é uma tola sucessão de enganos e mentiras. Enganamos, primeiramente, a nós mesmos quando pensamos que os filhos são nossos, que nos obedecerão, que nos darão as mais diversas e verdadeiras alegrias, que serão a redenção de nossos sonhos, de nossas frustrações, porque eles serão aquilo que já não conseguimos ser e et coetera? Nada os impedirá, entretanto, de eles escolherem coisas diferentes as que queremos escolher para eles; daí, só nos restará sofrimento, dor e outras tantas frustrações para compensarmos. E quem as compensará... nossos netos? 

Sofreremos tanto com isso e mais ainda os nossos filhos, talvez.


Não há coragem nenhuma em ser pai ou mãe: é egoísmo puro e tirânico; quando não, masoquismo. Queremos, literalmente, impor a alguém a nossa maneira de ver e compreender o mundo, a vida que achamos melhor para ele, sem, se quer, acharmos que ela é melhor para nós mesmos, a educação, a profissão, o sexo, os sonhos... O que nos dá o direito de tamanha crueldade? O que nos dar o direito de dizer, seja a quem for, o que e como deverá ser, agir, pensar, viver. Além do mais, quanto sofrimento nos impomos ao amar alguém para além de nós mesmo, buscamos mudar nossos defeitos, tornarmo-nos os melhores entre os melhores e isso é cruel, pois abrimos mão de muitas nossas liberdades, desejos, esperanças por causa de quê: de uma maquinazinha de fazer cocô que chora e come o dia todo, roubando de nós todo tempo e atenção; atenção esta que poderíamos dedicar aos mais sublimes projetos ou aos mais sinceros e nada construtivos ócios.


E, se já não fosse o suficiente, temer; temer muito por algo que julgamos ser nosso, sem que jamais o tenha sido verdadeiramente, pois é para se afastar de nós, para ser independente, não é, que os criamos, não?


São, para o mundo, os nossos filhos. Este mesmo mundo por nós repudiado; mundo que julgamos feio, violento, corrupto e que, por meio da mais irresponsável e insana das atitudes, impomos a uma criatura inocente e pura, vitimada por nossa tola necessidade de continuidade biológica ou nosso arbitrário dever religioso de multiplicidade. Tudo isso é tão óbvio, tão claro, tão certo, verdadeiro...


...mas, apesar de tudo isso, porque é que eu estou tão feliz?!










Candeias, 27 de julho de 2011. 






16 comentários:

Anônimo disse...

Silvério Duque, meu nobre amigo!

Estas feliz porque cumpres um desígnio, não só de tua espécie, mas de teu Criador!

Porque, diante da crueldade e da quase impossibilidade deste mundo, será oferecido também, a mais uma criatura inocente, o direito de trocar essa inocência - contrariando toda expectativa e lógica humanas - pelo amor consciente ao Deus que fez o céu e a Terra. Alguém que terá a oportunidade de experimentar, como diz Viktor Frankl, sentido no sofrimento!

Ter um filho não é ser temerário, é ser abençoado.

Portanto, caro poeta, PARABÉNS!

Que venha ao mundo mais um sofredor!
Cabe-nos pedir ao Pai das Luzes que ilumine este rebento e dê a vocês, pais, sabedoria para conduzi-lo a um caminho cuja virtude primordial seja, nas palavras de Paul Tillich, a Coragem de Ser!

Conte comigo - este pai já há seis anos - para o que precisar!

Segue, ao final, a mais pura representação do mimetismo girardiano (rsrs)!


Um grande abraço,
No Amor do Cristo,
Paulo Cruz.

Anônimo disse...

Porque destes a alguém a possibilidade de ser uma criatura amada por Deus, e que, sem vosso intermédio, não poderia vir a este mundo, para, quiçá, fazer as mesmas perguntas que tu agora fazes e responder a elas com a mesma alegria.

Parabéns, meu amigo, e transmite-os também à mamãe Lucifrance,

Que Deus vos abençoe,

Com carinho,
Elpídio

Anônimo disse...

Resposta simples: quem mandou ser um intelectual? Se fosse pessoa comum, veria que ter filhos é tão-somente seguir o curso natural da vida.
Pare de pensar um pouco sobre as "conseqüências" e centralize em um único ponto: seu novo AMOR! É isso aí, filhos bem criados, de pessoas de bem,
geradas com amor, não nos deixam temer esse tal mundo cruel que tanto cita. Adiante meu caro, a vida segue, você terá mais resposabilidades, é claro,
também, conhecerá uma forma de amar inigualável.

Sua amiga,

Carol

Anônimo disse...

Meu parabéns caro poeta, temos que passar pelas etapas da vida e vivir em toda a sua dimenção !

Jaime Stone

Anônimo disse...

Meu caro: Que Deus os abençoe e comemorem. E como diriam os judeus Mazel-tov.

Abraços

Jessé

Anônimo disse...

Caro Silverio,

Deus permitiu que seu filho viesse a esse mundo sob os seus cuidados,
portanto, ele eh seu e dEle ao mesmo tempo. Certamente, ele precisarah
de algumas coisas essenciais e basicas: 1) que os pais o amem
loucamente e o cubram de carinho. Desse modo, ele os amara' loucamente
tambem. A fonte de satisfacao afetiva tem de ser dentro de casa. 2)
Que ensinem a ele que Deus existe e vela por nos. 3) Ter uma infancia
feliz sabendo que pai e mae confiam nele. O resto, vem depois.

Beijo e que Deus abencoe o seu filho.

Roxane

Anônimo disse...

Ser pai/mãe é a forma mais pura e verdadeira do amar!!!
Parabéns, a vida ganha mais sabor, tudo é mágico!!!
Estou muuuuiiiiiittooooo feliz por vocês!

No que precisar eu e minha pequena Cecília estaremos sempre por perto!
Com amor,

Mílvia Cerqueira

Anônimo disse...

Grande amigo,

Só me resta inverjar-lhe nessa sua nova aventura.

E o consolo de que daqui a algum terei alguem para trocar ideias de igual pra igual sobre essa divina experiência ...rsrsr...

Abraços sinceros, saúde, sorte e muita paz pra voce e sua família.

Até mais!!!

Nózio

Anônimo disse...

Grande Mestre, eis-me (pela terceira vez) titio.

Se, apesar de tudo, estás feliz, comundo desta (felicidade) contigo.

Como não? Que venha a cria, e que agraciemo-la com a poesia da fecundação, da procriação. Poesia esta sem par.

Forte abração,

Patrice de Moraes

Anônimo disse...

Caríssimo, você terá alegrias que jamais outro ser poderia lhe proporcionar, rompendo a barreira do amor que você conhece, sabendo que verá no pequeno, ou pequena muito do que ama e odeia em si, e em Luci - e isto lhe fará rir muitas e muitas vezes, até quando estiver com raiva pelo quanto parece com você. Você está feliz porque sabe que na sua lápide - um dia - após o Senhor lhe chamar - não haverão apenas os escritos "Artista, poeta ousado, sagaz e sensível... saudades" Após estes dizeres haverá um preenchimento: Pai muito amado... Porque educar dá medo, mas é consolo saber e internalizar que você ou Luci podem ser modernos, mas que pais não são modernos - Pais são Pais, e pronto - não existe modernidade apesar da rima com seu novo ofício. Porque o mundo vai acabar pra você quando seu filho/a tiver febre, cortar o dedo, ralar o joelho, e amar pela primeira vez... Porque como Pai você vai querer - e não vai poder - tirar toda a dor do mundo do caminho do seu filho, e nunca você terá desejado fazer isto com tanta força por alguém... e por último (?) sendo este o cerne motivo - Porque somos a imagem e semelhança do Senhor - que é Pai, e nos fez para tanto, e mesmo com todos estes dizeres aí de baixo passando pela sua cabeça ao longo destes anos todos, seu íntimo sempre quis ser pai, assim como o Senhor O é... e nem mesmo você sabia que era tão incompleto, só sabe agora, que se questiona e se questionará como conseguiu viver tanto tempo sem ser pai... E uma coisa de que não me lembrava, você será para alguém a presença ao invés da saudade que você tem - conforme seu poema...

Eu verei um dos seres mais antagônicos do mundo, que outrora era publicamente só e somente só cabra macho - sensível em poemas, mas arretados em dizeres, suspirando mais publicamente do que antes, quando ver dormindo, mamando, respirando, sorrindo, ou simplesmente pelo fato de ser---Seu filho...

Espero que tenha ajudado com a resposta...

Com saudades de ambos que agora são três...

Fabi.

Anônimo disse...

Caro amigo,

Foi com muita alegria que recebi a notícia que será pai!!!!!

Se aceitamos ter filhos é para deixá-los partir no momento certo, na direção de novos horizontes sem que se sintam em dívida conosco, mas sabendo que simplesmente os amaremos para sempre.

O vínculo será eterno, resistindo à distância e ao tempo, sendo a prova que a relação pai e filho é necessária para o fortalecimento da consciência do sentido da vida.

Gostaria imensamente de abraçar-te.

Um grande beijo,

Suzi

Anônimo disse...

Poeta e irmão,

Amigo sempre sincero!

Não há nada mais divino que perpetuar a espécie, deixando descendência. Ser pai é obra de Deus, devemos acolher os seus mágicos desígnios.Educação vem de casa. Se for educado (a) no respeito, na consideração, na fraternidade, no amor decerto será um grande Ser. Devemos entender os sinais do Senhor quando nos convoca para mais uma labuta. É UM ACONTECIMENTO MARAVILHOSO, DEVEMOS ESPERÁ-LO (LA) COM PANINHOS LAVADOS, UM BERÇO ACONCHEGANTE, E UM CORAÇÃO TRANSBORDANDO DE ALEGRIA. MEUS PARABÉNS AO CASAL POR ESTA OBRA DE DEUS PARA OS HOMENS. NÃO SE IMPORTE COM TEMPO, ELE SEMPRE SERÁ DIFÍCIL, BASTA TER MUNHECA PARA CRIAR E AMOR PARA DAR.

BEIJO VOSSAS MÃOS,

Miguel Carneiro.

Anônimo disse...

Trágico Amigo,

Hoje você começa a romper a barreira do seu próprio egoísmo, narcisismo, egocentrismo ...isso realmente é difícil para alguém com um super Ego, tal qual você; a partir de hoje você vai começar a entender que um filho se concretiza num AMOR jamais sentido pelos poetas que tiveram a ilusão de morrer de amor, ou pior, de morrer por amor!!! Eis aí "o mistério da vida"...como diria seus adoráveis eclesiásticos. Por hora, acalme-se... o pior ainda estar por vir!!!

Mesmo assim...PARABÉNS PAPAI!!!!

Estou sim, muito feliz por vocês.

Beijos...Me mantenha informada.

Leandra

Anônimo disse...

Parabéns,

Abç.

Bernardo.

Anônimo disse...

Poeta,

Parabéns... que venha outro bardo por aí.

Thales Almeida

Anônimo disse...

Silvério

Vc nem imagina o quanto eu to feliz por vcs. A alegria de ter um filho é tamanha que quando Davi nasceu, eu fiquei três dias sem dormir, até tentei, mas não consegui. É uma mistura de alegria com preocupação tão boa.
Peeeeense que da trabalho!!!! Mas é um trabalho que vc não vai mais conseguir viver sem, vai olhar pra traz e não vai ver sentido na vida sem o seu filhotinho. Difícil de entender, né? Quando nascer me conta! rsrs

To feliz d+ da conta!

Que Deus te abençoe,
Com carinho,
Fernanda