sexta-feira, 17 de junho de 2011

SONETO DAS PROCISSÕES...


A procissão de Santo Isidro de Goya (1820-23), Óleo sobre tela e painel, 140X438 cm, Museo del Prado, Madrid.









ao poeta e amigo, João Carlos Teixeira Gomes











Diante de mim se estendem mãos piedosas,
que um anjo fez brotar entre os instantes,
em que se avistam as coisas luminosas
e cujos olhos meus ( tão vacilantes )

esquivam-se da luz e dos agravos
e negam-se à beleza, antes cativa,
sob este céu de arroubos constelados,
onde o meu ser se aloja às coisas vivas

agitando-se no ar qual velhas flamas;
como fantasmas que, no arder, se esquivam
das sombras que lhes roubam as vivas chamas,

louvando a noite como a um deus risonho –
feito a tola esperança dos que se amam –
surgido do vazio como de um sonho.













2 comentários:

Henrique Wagner disse...

O que mais me impressionou nesse soneto foi a sua verticalidade e sua fluidez. Ele escorre subitamente, desde o primeiro verso, nos levando de imediato à chave de ouro. Não tenho dúvida de que se trata de uma homenagem à altura do homenageado. Abç.

James de Lima disse...

Cada vez melhor, mestre... Sempre orgulho-me de ser teu discípulo... Abr aços...