Les joueurs d'échecs de Honoré Daumier (1863), Musée du Petit-Palais, Paris.
Um grande mestre e amigo chileno, Jaime P. Stone, manda-me dois poemas: um seu e outro de autoria de seu irmão, Juan di Dios, homenageando, cada um, os maiores mestre do xadrez, por eles considerados. Julguei esta partida interessante e publico-a aqui para o deleite e julgamento de quem quiser... a tentativa de “tradução” é minha.
EL ENROQUE DE CAPABLANCA
(por Juan de Dios)
Se ha sembrado el campo
de cuadrículas lozanas
tersas, pulidas y de longas llanuras
se ha velado el silencio
de las vísperas eternas
se encoge la Graupera
un 19 de Noviembre
de un mil y su triángulo de ochos
caballo en riestre
con hidalga montura
acechan el Castillo del Príncipe
mientras se queman
las torres de papel
San Pelayo ofrenda su milagro.
Jaque al arlequín
peones colgantes
epístola del arzobispo
astucia del canciller
y por el sueño cuadriculado
le veneran los prohombres
los jurados y el esposo de la reina
la hojarasca del tablero
se tiñe de victorias envejecidas
los alfiles parpadean
pero ya es tarde
está amaneciendo
y en La Habana
se ufana el cañaveral.
Enroque en Buenos Aires
por la sonrisa de Arlequín.
O ROQUE DE CAPABLANCA
(Trad. Silvério Duque)
Lavrado o campo
de exuberante beleza
com suas terras limpas de polidas planícies
onde, destas vésperas eternas
se guardou o silêncio
nasce Graupera
num 19 de novembro
de um mil e três triangulos de oito
cavalos apostos
nas mais nobres posturas
contra o castelo do Príncipe
quando as torres de papel
em chamas se consomem –
é San Pelayo oferecendo seu milagre.
Xeque do Arlequim
piões colgantes
carta do arcebispo
ou astúcia do chanceler...
é pelos sonhos
que se veneram os grande homens
vêem-se jurados e o esposo da rainha
nas folhas do tabuleiro
pelas vitórias envelhecidas
sinalizam os bispos
mas é tarde demais
amanhece
em Havana
sobre um canavial que se alegra.
Um roque em Buenos Aires
para a alegria do Arlequim.
EL REY DEL AJEDREZ
(por Jaime Peralta Stone)
Ha nacido el favorito de Kaissa
Que sobre un tablero, costurado
De fronteras y sueños, impresiona a sus rivales.
Nova Orleans su cuna, orgullosa y fecunda,
Con su prodigio, reta al mundo ufana.
Joven diáfano como un diamante,
Iluminado de ideas y combinaciones.
Con su caballo arisco y el otro indómito,
Son lozanos a sus opuestos.
Alfil oblicuo y penetrante,
Apóstol de fantasías.
En los extremos, torres blindadas,
Que vaticinan el movimiento antagónico.
Infantes de gambito, por Morphy saben luchar.
Su dama astuta, la mejor casa encontrara,
Y en ese campo de previsiones, se tiñe la victoria,
Ocho lances antes del mate anunciar.
O REI DO XADREZ
(Trad. Silvério Duque)
Ele nasceu o favorito de Kaissa
sobre um tabuleiro, alinhavado
de caminhos e de sonhos, levando medo aos seus rivais.
Nova Orleans é seu berço orgulhoso e fecundo,
desafiando, com seu talento, o mundo presunçoso.
Jovem diáfano como um diamante
iluminado de idéias e de estratégias.
Com um cavalo arisco e outro indômito –
tão belos em seus opostos.
E o bispo oblíquo e penetrante,
apóstolo de fantasias.
Nos extremos, duas torres imponentes,
que predizem confusos movimentos;
soldados que, por Morphy, lutarão.
Sua dama sagaz a melhor casa encontra,
e, neste campo de previsões, tem-se a vitória:
oito lances... e o inesperado xeque-mate.
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