Mary e Max... dor e amizade que não podem ser vencidas pela distância
Gênero: Animação
Duração: 80min
Origem: Austrália
Estúdio: PlayArte
Direção: Adam Elliot
Roteiro: Adam Elliot
Produção: Melanie Coombs
Alguns amigos meus reclamam por “nunca mais ter publicado algo sobre cinema”; a culpa não é minha, a verdade é que pouca coisa tem me tocado ultimamente, pelo menos até ontem, quando assisti à animação Mary e Max (EUA, Play Art, 2009), escrita e dirigida pelo australiano Adam Elliot, e que nada mais é do que a exploração de praticamente todas as improbabilidades.
É um desenho, uma animação em stop motion, mas não é uma história para crianças. É uma história que fala de dor, de solidão, de incompreensão, mas é, principalmente, uma história de amizade, de sinceridade e respeito capaz de vencer as piores barreiras, sejam elas físicas, geográficas ou psicológicas.
Depressivo no tom e no visual (seria mais sensato chamá-lo de desenho "desanimado", embora esteja carregado de emoções... emoções cruéis, mas emoções.), o filme acompanha dois personagens solitários, cujas vidas se cruzam pelo maior dos acasos: uma página aleatória aberta em uma lista telefônica. Motivada por uma dúvida infantil, a australiana Mary Daisy Dinkle, 8 anos, decide escrever ao nova-iorquino Max Jerry Horowitz, 44 anos. Junto à carta, alguns desenhos, uma barra de chocolate e a dúvida: "de onde vêm os bebês nos Estados Unidos". A correspondência inocente muda as vidas de ambos para sempre, iniciando uma história que transcorre por mais de uma década, para ser mais preciso de 1976 a 1996.
É um desenho, uma animação em stop motion, mas não é uma história para crianças. É uma história que fala de dor, de solidão, de incompreensão, mas é, principalmente, uma história de amizade, de sinceridade e respeito capaz de vencer as piores barreiras, sejam elas físicas, geográficas ou psicológicas.
Depressivo no tom e no visual (seria mais sensato chamá-lo de desenho "desanimado", embora esteja carregado de emoções... emoções cruéis, mas emoções.), o filme acompanha dois personagens solitários, cujas vidas se cruzam pelo maior dos acasos: uma página aleatória aberta em uma lista telefônica. Motivada por uma dúvida infantil, a australiana Mary Daisy Dinkle, 8 anos, decide escrever ao nova-iorquino Max Jerry Horowitz, 44 anos. Junto à carta, alguns desenhos, uma barra de chocolate e a dúvida: "de onde vêm os bebês nos Estados Unidos". A correspondência inocente muda as vidas de ambos para sempre, iniciando uma história que transcorre por mais de uma década, para ser mais preciso de 1976 a 1996.
A direção de arte é inspiradora. Elliot, dono de um Oscar de curta animado (Harvie Krumpet, 2003), opta por protagonistas caricatos e quase malfeitos de tão simples. Os cenários são muito mais ricos - a Austrália, com seus tons terrosos, contrasta com a cinzenta Nova York. Os personagens principais estão perdidos em seus espaços e em suas solidões. O marrom australiano, refletido nos chocolates de Mary, pois tudo que ela tem são seus sonhos, e o vermelho da língua de Max, pois tudo que ele tem de melhor é a sua sinceridade... Ele tem 44 anos e seus desenganos; ela, 8 e ainda sonha com a felicidade. O que há em comum a ambos? Eles são sozinhos. É tudo proposital. Como os bombons e chocolates que um envia para o outro com suas cartas eles estão recheados; recheados de muita dor e dúvida, sem uma superfície fofinha e cativante da maioria dos desenhos que conhecemos.
Com o palco montado, inicia-se uma longa e verborrágica discussão filosófica sobre religião, vida em sociedade, sexo, amor, confiança e, principalmente, a importância e o significado da amizade. As cartas também refletem a caótica estrutura racional de remetente e destinatário, sempre com uma monotonia instigante. Ideias brilhantes ("se ao menos houvesse uma equação matemática para o amor") surgem e são abandonadas em função de outra melhor, mais inocente ou simplesmente irrelevante.
Apesar de tratar de um tema quase extinto, os pen pals, amigos de correspondência, algo bastante comum poucas décadas atrás, Mary & Max encontra reflexo curioso na modernidade de redes sociais e programas de mensagens instantâneas. Memórias de amigos virtuais não se apagam mais se queimando as cartas... mas nos blocks e deletes de perfil.
Além do mais, por usarem o bom e velho correio, as correspondências estão sujeitas ao atraso, ao extravio e a perda, além de provocarem, em seus correspondentes, toda a profunda angústia que isso acarreta, já que meio mundo de distância os separam, até, finalmente, se encontrarem num dos finais mais surpreendentes, ternos e trágicos que o cinema já produziu.
Mary e Max é emoção garantida... mas não das melhores.
2 comentários:
Belissimo trabalho, realmente.
Recomendavel para todas as idades.
Adorei essa animação... Sempre estou em busca do significado verdadeiro da amizade.
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