O poeta Rainer Maria Rilke (1875-1926)
ABANDONADO
( ou UMA PARÁFRASE RILKEANA )
para Dayana Moura, com carinho...
Por tantas vezes, sempre fui sozinho...
Com palavras triviais e gestos loucos
arranquei deste mundo, bem aos poucos,
seu bucado mais frágil e mais mesquinho...
Como, acenando, para um aroma aponto?
Sinto, nas mãos, a essência eterna e forte
que pesa sobre mim; eu sei da Morte,
cujos preceitos mágicos afronto.
Far-me-ei, porém, em mais de mil pedaços
para que eu tenha, o Todo, enfim, nos braços;
e, com esta dura carga e o corpo nu,
plantarei, em meu peito, o que eu escrevo,
e, guiado pela mão do Mestre, devo
dizer-Lhe: “Estou aqui... sou Esaú!”
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