terça-feira, 31 de agosto de 2010

UM DIÁLOGO COM PABLO NERUDA...


Eurótico de Gabriel Fereira, Betume da Judéia e carvão sobre tela (40x30 cm), 2007.





Desnuda eres tan simple como una de tus manos,
lisa, terrestre, mínima, redonda, transparente,
tienes líneas de luna, caminos de manzana,
desnuda eres delgada como el trigo desnudo.



Desnuda eres azul como la noche en Cuba,
tienes enredaderas y estrellas en el pelo,
desnuda eres enorme y amarilla
como el verano en una iglesia de oro.



Desnuda eres pequeña como una de tus uñas,
curva, sutil, rosada hasta que nace el día
y te metes en el subterráneo del mundo



como en un largo túnel de trajes y trabajos:
tu claridad se apaga, se viste, se deshoja
y otra vez vuelve a ser una mano desnuda.




* * *



Nua, és como os frutos contra o vento,

o contrair impuro de teus músculos,

como a transpiração das tuas flores,

vela chorando só em meio as preces...


És como um dispersar de velhas missas,

espaços partilhados pela ausência,

a sensação pesada, o Fogo Eterno,

és a falta, o princípio, o musgo, a fera...


Nua és como as frestas e as janelas,

as marcas de meus dentes em teu seio,

a certeza insensata das promessas...


És a busca e a descida a toda fonte,

o vento repetido em toda parte,

minha dor, minha paz e meu reflexo.


Um comentário:

MaRiShKa disse...

Adoro Neruda! "...Saudade é amar um passado que ainda não passou,
É recusar um presente que nos machuca, É não ver o futuro que nos convida..."