segunda-feira, 9 de agosto de 2010

UM SONETO PARA MIHAI EMINESCU...


Lúcifer por Mihaly Zichy (1887).




LÚCIFER
SOBRE UM POEMA DE MIHAI EMINESCU
POR SILVÉRIO DUQUE




à Cristina Nicoleta Mănescu, por sua história.













Sobrou de toda mágoa – e destas ânsias –
este anjo cujos olhos renasciam
entre os vôos que, nas asas, se insurgiam
por entre os céus sem fim e sem distâncias.

Ele girou em torno de seu rosto
num estertor de infinito que o nutria,
e, na manhã reescrita que o seguia,
vi a rosácea inconsútil de um sol-posto.

O anjo, de asas de sombra e luz que medra,
deixou seu nome em tudo quanto existe,
por ser, entre as estrelas, a mais triste.

Tudo que o anjo quis, perdeu na queda...
O ardor pelo que morre e o rosto terno
de alguém que se cansou de amar o Eterno.

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