terça-feira, 31 de março de 2009

NAVEGADOR SOLITÁRIO
por James Vasconcellos de Lima
ao mestre e irmão Silvério Duque, com temor e tremor.



Aos homens
meu silêncio é paciência.
A Deus,
e mais a mim
é tormento.

Tormento
por tocar as estrelas
e não poder
permanecer junto a elas.
Tormento
em fechar os olhos,
encontrar a substância
do Ser e,
após abrir-me,
morrer
como um
cordeiro mudo.

Não quero
o soluço
das aves
na porta
de meu túmulo.
Nem no jazigo
o perpétuo
está-se morto.

Não jogo
aos cães
o meu
presente.
O meu futuro
não é meu. As
garras sim.
As falhas
sim. As sendas
rudes sim.

Mas estou tão só quanto as ilhas do Saara.
Tão só quanto as ondas do Atlântico.
Tão só quanto as folhas do outono.
Estou só, sempre só.
Porque sou todo um oceano.

Mas tudo é memória.

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