quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O CARROSSEL DE MARK GERTLER


O Carrossel de Mark gertler (1916): Óleo sobre tela; 247 x 487 cm – Tate Gallery, Londres.

 
SONETO*

à Senhora Claudia Cordeiro, un souvenir...

( pr’ uma aquarela à Carlos Pena Filho )

Por que pintei de azul a nossa estrada?
Por não trazer um céu sob os sapatos.
Então, busquei, em gestos insensatos,
despir, do azul, o Azul da madrugada.

Para exigir então o azul ausente,
que se espargiu em tuas alpargatas,
roubei de ti o azul das coisas gratas,
que, em teu olhar, nasceu tão simplesmente.

Mas, vestidos de azul, nem recordamos,
haver tantos azuis que azuis se amassem,
qual o Mar e o Céu, no azul, nos espelhamos...

E, perdidos no azul, nos contemplamos,
porque, do azul, as coisas sempre nascem,
pois, no morrer do azul, nós retornamos.




* Sobre este meu soneto, o poeta Gustavo Felicíssimo, em seu blog, Sopa de Poesia, escreveu e publicou: "Tudo bem, alguém poderá me dizer que o poeta do azul é Carlos Pena Filho. O seu Soneto do desmantelo azul é mesmo uma jóia, mas esse heróico do Silvério Duque, convenhamos, tem seu lugar, um soneto espirálico, marcado por esse último verso: 'pois no morrer do azul, nós retornamos', que deixa o poema em aberto. Muito bom mesmo!"... O pior é que eu estou começando a acreditar (rsrsrs)! Brincadeiras à parte, é sempre muito bom poder me inspirar e homenagear grande nomes de nossa Literatura, além de outros que têm um papel fundamental na divulgação da grande poesia: como é o caso dos nomes acima.

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