segunda-feira, 30 de novembro de 2015

THE BLACKLIST (RSRS)...











THE BLACKLIST (RSRS)...


Ontem no II Encontro de Escritores Brasileiros na Virginia, promovido pelo Olavo de Carvalho, fui citado entre os "destaques da intelectualidade 2015"...

Ou seja, não me bastou ser lembrado pelos participantes, nomes da mais alta estirpe intelectual de nosso pobre Brasil, como Olavo de Carvalho,Rodrigo Gurgel, Yuri Vieira, Paulo Briguet, Carlos Nadalim
e Érico Nogueira, dividi o imerecido espaço com os nomes de Alexandre Borges, Guilherme Macalossi, Karleno Márcio BocarroLorena Miranda Cutlak, Felipe Moura Brasil, Percival Puggina, Flavio Morgenstern, Flavio Gordon, Flavio Quintela, Marcelo de Paulos, Elpídio Fonseca, Thiago Tondinelli, Wladimir Saldanha, João Filho, Cláudio Neves, Bruno Garschagen, Gustavo FelicíssimoMartim Vasques da Cunha...


O que dizer então? Simples, depois disso e de minha participação na FLICA, quem tiver seu prêmio literário para mim que o enfie no cu, pois como disse a Lorena Miranda Cutlak, nem dez Jabutis deixar-me-iam tão honrado e metido a besta...

Chupa, Feira de Santana!!! E imagine agora seu filho pródigo subindo no elevador do seu prédio mais alto cantando isso aqui ó: https://www.youtube.com/watch?v=heLYw_WPwVo

Obrigadíssimo, Marie Asmar, com certeza, ganhei meu dia (rsrs)...

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

DUAS NOTÍCIAS...

A dimensão necessária, de João Filho (Mondrongo , 2014).





Duas notícias, envolvendo amigos poetas, deixaram-me muito feliz hoje: a primeira, a notícia de que João Filho, poeta baiano, um dos melhores de sua geração, foi vencedor do Prêmio Biblioteca Nacional 2015, na categoria poesia, com o livro A dimensão necessária (Mondrongo, 2014). Uma graça não só de João Filho, mas de toda literatura baiana, cada vez mais necessitada de grandes representantes. E João Filho cumpre muito bem esse papel.

Poeta sério, da métrica, da rima, do soneto bem trabalhado, João é um mestre em imagens que procuram revelar o mundo através de uma poesia concisa e muito bem pensada. É certamente um poeta que não se prende ao vago, ao meramente sensorial, quando não a um suposto surrealismo sem significado, típica maneira de se fazer poesia de muitos também premiados, mas sem nenhum mérito. Os poemas de seu livro, A dimensão necessária são muito bem realizados porque são frutos de um talento que não se contenta consigo mesmo, fazendo-se através de um aperfeiçoamento constante, cujo resultado é uma poesia que não perde o seu tino, sua comunicação, nem com seu leitor, nem com ela mesma. Não é resultado de uma sobreposição de imagens ao acaso, mas de uma construção extremamente elaborada: é Engenho e Arte mesmo, no melhor sentido e no resultado mais primoroso.

Mas como o trabalho de um poeta fala muito mais e melhor do que qualquer admirador empolgado e bajulador, vamos lá:

O sol do Amor é implacável, tudo mostra
de uma só vez – detalhes sutis e invisíveis
e a totalidade do ser. Pela encosta,
os limites da noite largam seus possíveis

nas raias da manhã. Reflexo da resposta:
você. Seus gestos, cheiro, aparições incríveis,
lampejos com que o eterno bruscamente arrosta
meu coração, dramatizando voos risíveis.
O sol do amor enxerga o que na ausência é falha,

e sabe perdoar imperícias, desânimos
dos amantes, e alaga-os com suas migalhas.
Aqui o quarto, culminância dos topônimos
onde Amor entrecruza num ponto da malha



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O Corpo Nulo, de Lorena Miranda Cutlak (Mondrongo, 2014)


A segunda notícia foi a de que o livro “Corpo Nulo” (Mondrongo, 2015), da poetisa paraense, Lorena Miranda Cutlak, mas que adotou São Paulo como lar, será lançado dia 20 de novembro.

Lorena é, para mim, uma das coisas mais verdadeiras que conheço em termos de poesia; minha admiração por ela vem desde os primeiros versos que li e que foram se aperfeiçoando até chegarem ao nível de se dizer: “Eis aí, o resultado do talento e da depuração”. Lorena é mãe, dona de casa e escreve sobre Dostoievsky, mas se engana quem espera encontrar em seus versos uma profusão de panos-de-pratos, as desventuras de uma pobre mulher cuja importância se perde quando o marido, a filha e o lar não precisam mais dela, mesmo que por alguns momentos, ou uma intelectual de versos herméticos e linguagem intransponível... Seus versos têm a fluidez de quem se vestiu da melhor tradição, e da maneira mais simples de se dizer as coisas grandes e realmente necessárias.

Por exemplo:

Touro louríssimo, teu torso
forjado à força de antiquíssimas
batalhas sem ouro vencidas
vem dissolver-se nas pupilas
com que fulminas, sem esforço,
pedra selvagem e estrela fria.

Com sempre mansa maestria
de quem não mede a própria força,
pois que de si mesmo deposto
para melhor legar-se à lida,
teu passo é torto à revelia
da paz que emana de teu rosto.

Segues em frente, e em frente, e após
tua marcha zonza e imperativa
eis que desponto, a persegui-la,
sombra no rastro de um sol: touro,
tu que me arrastas pela vida,
que houve entre a noite e o nosso encontro?

As madrugadas mal cabiam
dentro do vão da minha fome,
eram chacinas repetidas,
todas idênticas, e o corvo
de uma Lenora mais antiga
vinha pontuá-las com o agouro

de seu “Não mais”, e eram sozinhas
as minhas lágrimas de assombro.
Eu não sabia que tu vinhas,
ponto de luz sobre o horizonte,
e às vezes dava por perdida
essa batalha contra a foice

de um desespero que trucida.
Touro de luz, forma de amor
a um tempo íntima e inaudita,
tu, a caminhar como caminhas,
com a retidão dos homens sós,
soubeste ver nas entrelinhas

do desencanto o meu melhor,
espécie de novo batismo
dentro das águas de teus olhos
místicos, límpidos: teus olhos
lançando, em busca de um destino,
sua chama em torno — são meus sóis.

Touro louríssimo, antiquíssimo,
esse céu triste, que revolves
em teu sonho sôfrego, habita
também as mágoas de meu corpo —
é o mesmo céu que, enfim, nos liga
pelo tendão da angústia, exposto.

Como se não bastasse, temos aí o trabalho desbravador da Editora Mondrongo, na figura de seu editor, o poeta Gustavo Felicíssimo. Visionário, Gustavo tem nos mostrado que há poesia no Brasil. Não essa divulgada, nas mídias (quando divulgada) ou nos livros didáticos (nos ensinando que poesia é, no mínimo, algo irresponsável), mas poesia em sua verdade. E a verdade grita!

Parabéns ao João. Parabéns à Lorena. Parabéns ao Gustavo e à Mondrogo. E que fique registrado aqui o meu MUITO OBRIGADO... Eu sou um leitor de poesia; sou eu, assim como tanto outros, que ganho com a vitória de vocês.

ENTRE MESTRES, AMIGOS E ESCRITORES...

Rodrigo Gurgel, Cristiano ramos e eu, na FLICA 2015... rindo dos "parvos".






A FLICA (Festa Literária Internacional de Cachoeira) é hoje o evento literário mais importante da Bahia e um dos maiores do Brasil. Há meia década ela vem trazendo uma nova e imensa perspectiva sobre o mundo da Literatura, das Artes e da Política; aproximando autores de leitores, mestres de alunos... 

Em sua 5a Edição, a FLICA não podia fazer diferente. Homenageando um de nossos maiores romancista, o Antônio Torres e trazendo escritores e críticos literários renomeados e com os mais diversos estilos e linhas de pensamento.

Eu, mero garoto em meio a homens feitos; podre anão rodeado de gigantes, tive a honra de participar, este ano, de uma de suas mesas mais importantes e, certamente, aquela com o tema mais polêmico: "Entre críticos, parvos e professores". 

Eu que, aos 44 minutos do segundo tempo, fora convocado a dividir uma mesa deste porte, ao lado de nomes como Rodrigo Gurgel e Cristiano Ramos, fiz o que todo homem sem o mínimo de bom senso faria: aceitei (rsrs). 

Sobrevivi...

E fica, aqui, o meu eterno agradecimento às pessoas do Aurélio Schommer e Emmanuel Mirdad e toda a equipe da FLICA, por terem me agraciado com tamanha oportunidade e confiança, principalmente confiança... E, principalmente, por terem tornado possível o meu primeiro encontro com o amigo que sempre admirei, o Rodrigo Gurgel, pelo começo de uma amizade com o Cristiano; por ver, entre a plateia, amigos queridos de muitas batalhas, como Patrice Machado de Moraes e Gabriel Ferreira (autor da foto acima), minha esposa Lucifrance Castro (com seu cabelo flamejante); alunos e ex-alunos (como a Karolaynne Marques); colegas de escola (meus companheiros professores todos assistindo pela Web), outros escritores... Finalmente pude dar um abraço em Antonio Torres e em Bule Bule, por exemplo...

Meu humilde OBRIGADO a todos...

Fraternal e atenciosamente,

Silvério Duque


Para quem não pode ir, segue (na íntegra), todo o bate papo: https://www.youtube.com/watch?v=HCmxT1J94UQ