quarta-feira, 20 de junho de 2012

CONTEMPLO EM TUAS CHAGAS A BELEZA E A MEMÓRIA...


A tela do artistas plástico Gabriel Ferreira, feita exclusivamente para o meu soneto "Contemplo em tuas chagas a beleza e a memória...", pertencente ao meu livro "A pele de Esaú": http://poetasilverioduque.blogspot.com.br/2011/09/imperdivel-meu-livro-pele-de-esau-por.html




CONTEMPLO EM TUAS CHAGAS
A BELEZA E A MEMÓRIA...

(por Silvério Duque)



Contemplo, em tuas chagas, a beleza
e a memória de tudo o quanto é vivo.
A dor inda presente sente a carne
o amor nos oferece um gesto antigo.

As tuas mãos deslizam sobre as noites
mais escuras e a sombra de teus gestos
desenham novos rumos. Eu reclamo
em vão a tua morte e a minha vida

eu permaneço esquivo em meio as cinzas
e o que vejo me traz teu abandono –
recomeço das coisas esquecidas.

Uma palavra, só, e eu me refaço...
A fome, a sede, a espera... o desespero:
teu corpo vive em mim como uma praga.

sábado, 16 de junho de 2012

E O QUE EU ADORO EM TI É A TUA CARNE...

A tela do artistas plástico Gabriel Ferreira, feita exclusivamente para o meu soneto "E o que eu adoro em ti é a tua carne...", pertencente ao meu livro "A pele de Esaú": http://poetasilverioduque.blogspot.com.br/2011/09/imperdivel-meu-livro-pele-de-esau-por.html













E O QUE EU ADORO EM TI É A TUA CARNE...
(por Silvério Duque)


E o que eu adoro em ti é a tua carne
porque tudo o que é vivo se deseja
assim desejo em ti o meu tormento
que há-de crescer na proporção do tempo.

O que eu almejo em ti é a tua sombra
pois toda boca habita as mesmas vozes
que hão-de tecer com gritos o teu nome
na tarde azul tragada pela noite.

Beijo o teu rosto como se existisse
algum lugar pr’além do Precipício
e junto ao gosto de teu lábio esquivo

uma palavra sobrescrita em sangue
há-de adornar o verso em que eu me esqueço
e há-de extirpar, do amor, a fúria imensa.



quinta-feira, 7 de junho de 2012

GRANDE CONFORTO ESTA VISÃO DA NOITE...


A tela do artistas plástico Gabriel Ferreira, feita exclusivamente para o meu soneto "Grande conforto esta visão da noite...", pertencente ao meu livro "A pele de Esaú": http://poetasilverioduque.blogspot.com.br/2011/09/imperdivel-meu-livro-pele-de-esau-por.html







GRANDE CONFORTO ESTA VISÃO DA NOITE...

(por Silvério Duque)



Grande conforto esta visão da noite,
esta noite existente em cada ouvido,
qual o mar encarcerado em cada concha...
Há, em cada sonho, um anjo adormecido,

a despojar, da dor, toda verdade;
a mesma dor que nos revela as faces
que escondemos outrora em meio aos gritos.
E há, em cada despertar, o mesmo sonho,

do íncubo anjo, em seus olhos, revivido,
e, em seus olhos, o mesmo e estranho brilho
desta escada submersa e intermitente

entre as vagas, o Céu e a noite escura:
é a solidez das horas de Esaú –
hirsuto hebreu sem paz e sem lentilhas.